A Sala-Estúdio do TEP
A entrada de Portugal na Comunidade Europeia (1986) e a obtenção da primeira maioria absoluta pela direita social-democrata, em 1987, marcarão um novo momento para o tecido cultural em Portugal. O aparente desinteresse pela educação e pela cultura, a melancolia provocada pelo adiamento de muitas das promessas de abril, transformou a paisagem teatral portuguesa. Por um lado, instalava-se uma alegada crise de públicos – com o progressivo estabelecimento da paz social e com o advento de melhorias das condições básicas de vida, o teatro perdia urgência política. Por outro, livres, os artistas abriam-se a horizontes de maiores experimentações.
No TEP é o tempo do oscilar entre a instabilidade e a fertilidade. O legado de António Pedro e da variada e multitalentosa legião de sucessores que pautaram as décadas anteriores foi difícil de suprir e o redesenhar do perfil do grupo não terá sido tarefa fácil.
A empreitada foi tomada por encenadores como José Pinto, Eduardo Freitas, Arnaldo Moreira, Moncho Rodriguez, Rogério Paulo, Fernando Gusmão ou Mário Viegas – todos com gramáticas teatrais bastante diversas, confirmando o TEP, simultaneamente, como uma companhia de ampla ambição artística e de compromisso político com a tessitura social do país. Com a indemnização recebida após o abandono das instalações do Teatro António Pedro, na Rua do Ateneu Comercial do Porto, o TEP investiu naquela que ficou conhecida como Sala-Estúdio, nas instalações da ex-escola académica, local ocupado pela comissão de moradores respectiva depois do 25 de Abril e onde a companhia permaneceu até 19 de Abril de 1994, data do incêndio que destruiu estas instalações.
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