Guerra Franco-Prussiana

19/07/1870View on timeline

A Guerra Franco-Prussiana ou Guerra Franco-Germânica (19 de julho de 1870 - 10 de maio de 1871) foi um conflito ocorrido entre o Império Francês e o Reino da Prússia no final do século XIX. Durante o conflito, a Prússia recebeu o apoio da Confederação da Alemanha do Norte, da qual fazia parte, e do Grão-Ducado de Baden, do Reino de Württemberg e do Reino da Baviera. A vitória incontestável dos alemães marcou o último capítulo da unificação alemã sob o comando da Alemanha. Também marcou a queda de Napoleão III e do sistema monárquico na França, com o fim do Segundo Império e a sua substituição pela Terceira República Francesa. Como resultado da guerra, ocorreu a anexação da maior parte do território da Alsácia-Lorena pela Prússia, território que ficou em união com o Império Alemão até o fim da Primeira Guerra Mundial.

Guerra Franco-Prussiana - Imagens da época

Motivos da guerra

As causas da Guerra Franco-Prussiana estão profundamente enraizadas nos eventos que cercam o equilíbrio de poder entre as grandes potências após as Guerras Napoleónicas. França e Prússia eram inimigos durante essas guerras, com a França do lado derrotado e Napoleão Bonaparte exilado em Elba. Após a ascensão de Napoleão III, que ocorreu como resultado de um golpe de Estado na França e com o final da Guerra da Crimeia, que carregava uma provisão no Tratado de Paris, onde o mar Negro russo deveria ser uma zona desmilitarizada, criou-se uma condição favorável para a unificação alemã que, em pouco tempo, os trouxe para a guerra após a Guerra dos Ducados do Elba (1864), contra a Dinamarca e a Guerra Austro-Prussiana (1866).

Espanha estava sem rei desde 1868, devido à abdicação de Isabel II, em virtude da Revolução de 1868 e as Cortes - parlamento espanhol - ofereceram a coroa ao príncipe prussiano Leopoldo de Hohenzollern, primo do rei da Prússia, Guilherme I. Um Hohenzollern no trono espanhol seria demais para a Europa antiprussiana. O imperador francês Napoleão III pressionou o Reino da Prússia para impedir que o parente distante do rei prussiano assumisse o trono espanhol. O ministro do exército francês realizou, na câmara, um discurso indignado e belicoso contra a Prússia, o que gerou sentimentos antifranceses no sul da Alemanha.

Pretexto da Guerra Franco-Prussiana (1870-1871)

O chanceler prussiano Otto von Bismarck e os seus generais estavam interessados numa guerra contra a França, pois esse país colocava entraves à integração dos Estados do sul da Alemanha na formação de um novo país dominado pelo Reino da Prússia - o Império Alemão. Bismarck preparara um poderoso exército e conhecia a situação precária do exército francês. Sabia também que, se fosse atacado pelos franceses, teria o apoio dos estados alemães do Sul e, derrotando a França, já não haveria nenhum obstáculo ao seu projeto de unificar a Alemanha. Por outro lado, os conselheiros de Napoleão III asseguraram-lhe que o exército francês seria capaz de derrotar os prussianos, o que restauraria a declinante popularidade do imperador, perdida em consequência das muitas derrotas diplomáticas sofridas.

Bismarck também sabia da superioridade de seu poderio militar sobre o exército francês. Todavia, antes do conflito começar, Napoleão III, temendo a expansão prussiana, protestou e exigiu ao rei da Prússia a renúncia do príncipe Leopoldo, que desistiu de disputar o trono espanhol.

Napoleão III, ainda não satisfeito, e para agradar à opinião pública francesa, exigiu novas garantias de que jamais um membro de sua família ocuparia o trono espanhol. Apesar de Guilherme I aceitar todas as condições impostas pelo imperador francês, este último insistia que o rei deveria dar estas garantias e negociar pessoalmente com o embaixador Benedetti de França. O rei prussiano, que anteriormente atendera a todas as reivindicações de Napoleão III, refutou ter que negociar e dar novas garantias ao embaixador francês. Em Paris, a atitude do rei prussiano foi tida como uma ofensa ao orgulho nacional e ao povo francês.

A França e a Prússia entraram em guerra em 1870. A guerra em si foi provocada por Bismarck, que habilmente insultou a França e alterou uma indiscutível mensagem do seu rei (o telegrama de Ems - telegrama que Napoleão III enviou ao rei Guilherme I da Prússia), que procurava justamente por termo à crise.

Oficiais alemães prestam homenagem aos prisioneiros franceses feridos, 1876 - Édouard Detaille

Alianças e início das operações

A Prússia contou, desde logo, com o apoio dos estados germânicos do Sul na sua luta contra a França. As forças alemãs estavam unificadas sob o comando supremo de Guilherme I que contava com o grande estrategista Helmuth von Moltke como chefe do Estado-Maior. À frente das tropas francesas encontrava-se Patrice Mac-Mahon.

Exércitos prussianos avançaram para França. A eficácia da ofensiva alemã contrastou com a ineficiência da mobilização francesa. As forças francesas foram expulsas da Alsácia, enquanto a divisão de exército francês, comandado pelo general François Achille Bazaine, foi obrigada a retirar-se de Metz.

A Batalha de Sedan

Um exército chefiado pelo próprio Napoleão III e pelo marechal Patrice Mac-Mahon tentou libertar o general François Achille Bazaine, em Metz, mas acabou cercado por Helmuth von Moltke a 31 de agosto, na batalha de Sedan, que decidiu o conflito.

A 1 de setembro, os franceses tentaram inutilmente romper o cerco e, a 2 de setembro, Napoleão, Mac-Mahon e 83 mil soldados renderam-se aos alemães. Napoleão III foi capturado e, desacreditado aos olhos dos franceses, deixando de ser imperador.

A resistência francesa prosseguiu sob um novo governo de defesa nacional, que assumiu o poder em Paris a 4 de setembro, depois de dissolver a Assembleia Nacional, proclamar a deposição do imperador e estabelecer a república. Bismarck recusou-se a assinar a paz e, a 19 de setembro, começou o cerco a Paris. No dia 19, os alemães começaram a sitiar Paris. O novo governo dispôs-se a negociar com Bismarck, mas suspendeu as conversações quando soube que os alemães exigiam a Alsácia e a Lorena. O principal líder do novo governo, Léon Gambetta, fugiu de Paris num balão, estabelecendo um governo provisório na cidade de Tours para reorganizar o exército no interior. A partir daí foram organizadas 36 divisões militares, todas destinadas ao fracasso.

A vitória em Sedan estimulou o nacionalismo no sul da Alemanha e os estados germânicos ao sul do rio Meno (Grão-Ducado de Hesse, Grão-Ducado de Baden, Reino da Baviera e Reino de Württemberg) entraram na Confederação Germânica. A esses estados, porém, foram garantidas certas autonomias, como, por exemplo, um exército próprio em tempo de paz. Com a integração desses estados ao novo Reich ("Segundo Reich"; pois o "Primeiro Reich" ou Sacro Império Romano-Germânico, foi fundado por Carlos Magno, rei franco, sucedido mais adiante por Otão I), completou-se a última etapa para a unificação alemã.

A Comuna de Paris

Esperanças de um contra-ataque francês desfizeram-se quando o marechal François Achille Bazaine, com um exército de 173 mil homens, apresentou a sua rendição, em Metz, no dia 27 de outubro.

A capitulação oficial de Paris ocorreu a 28 de janeiro de 1871. Louis Adolphe Thiers, velho político francês, foi eleito pela assembleia como chefe do executivo e solicitou um armistício aos prussianos, o qual foi concedido por Bismarck. O armistício incluía a eleição de uma assembleia nacional francesa que teria a autoridade de firmar uma paz definitiva. A Assembleia Nacional Francesa reuniu-se em Bordéus, a 13 de fevereiro, nomeando Louis Adolphe Thiers o primeiro presidente da Terceira República Francesa. O acordo, negociado por Thiers, foi assinado a 26 de fevereiro e ratificado a 1 de março. A população de Paris recusou-se, entretanto, a depor as armas e, em março de 1871, revoltou-se, estabelecendo um breve governo revolucionário, a Comuna de Paris.

Napoleão III e Bismarck após a batalha de Sedan
O futuro imperador Frederico III e Helmuth von Moltke

O fim da guerra: O Tratado de Frankfurt

O governo francês assinou, a 10 de maio de 1871, o Tratado de Frankfurt, pondo fim à guerra entre a França e a Prússia. Neste documento ficava estabelecido que, por direito de guerra e pela população da Alsácia-Lorena ser de maioria germânica, a província francesa da Alsácia e parte da Lorena (até mesmo Metz) passariam para o domínio do Império Alemão. Devido aos grandes danos causados à Prússia, a França foi obrigada a pagar uma indenização de guerra de cinco bilhões de francos em ouro e a financiar os custos da ocupação das províncias do norte pelas tropas alemãs, até ao pagamento da indenização. Em troca, foram libertados 100 mil prisioneiros de guerra franceses, os quais foram admitidos nas linhas prussianas para reprimir a Comuna de Paris. Depois de dois meses de luta sangrenta, a comuna foi esmagada pelas tropas de Louis Adolphe Thiers.

O maior triunfo de Otto von Bismarck ocorreu a 18 de janeiro de 1871, quando Guilherme I da Prússia foi proclamado imperador da Alemanha em Versalhes, o antigo palácio dos reis da França. Para a Prússia, a proclamação do Império Alemão foi o clímax das ambições de Bismarck de unificar a Alemanha.

A onerosa obrigação francesa só foi cumprida em setembro de 1873. Naquele mesmo mês, as tropas alemãs abandonaram a França, depois de quase três anos de ocupação.

Barricadas erguidas pelos 'communards' em frente a La Madelaine.
Bismarck (figura central, de branco) proclama o Império Alemão no Palácio de Versalhes.

Motivos da derrota francesa na guerra

A derrota de França, comandada pelo general francês Patrice Mac-Mahon, deu-se porque o exército prussiano era maior e estava mais bem organizado para a guerra. Enquanto os canhões franceses eram carregados pela boca, os prussianos tinham os famosos Krupp, de aço, carregados pela culatra, o que possibilitava um tiro mais rápido. Paris resistiu o quanto pode aos prussianos, mas capitulou após quatro meses, por causa da fome.

A Prússia mostrou-se preparada o suficiente para encurralar a França no seu próprio território. Os franceses perderam em todas as frentes, o que sucedeu na esmagadora vitória na Batalha de Sedan (1 de setembro de 1870), na qual o próprio imperador francês foi feito prisioneiro. No dia 2 de setembro de 1870, concluiu-se a batalha de Sedan, onde a cavalaria francesa resistiu bastante, a ponto do rei Guilherme I admirar a bravura com que o exército terá lutado. Porém, Napoleão III viu que era inútil sacrificar tantos soldados e mandou hastear a bandeira branca e entregou a sua espada, ficando prisioneiro do rei prussiano. Dois dias depois, a república seria proclamada em Paris. No dia 20 de setembro, os prussianos cercaram Paris. Perante esta situação, o governo de Defesa Nacional (republicano, em funções desde 4 de setembro, quando Napoleão III foi deposto) assinou a rendição. Na Tratado de Frankfurt, a 10 de maio de 1871, a França, para além de pagar uma pesada indenização de 5 bilhões de francos para a Prússia, entregou o rico território da Alsácia-Lorena, de maioria germânica e rico em carvão e hematita (minério de ferro), para o novo Império Alemão.

A Guerra Franco-Prussiana - História Contada

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Published in 20/03/2019

Updated in 19/02/2021

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