Matadouro
Matadouro
Texto por Thamires Siqueira
Imponente e representativo do bairro, o Palacete do Matadouro faz parte da memória e história presentes da região de Santa Cruz. O prédio, inaugurado em 1881 com a presença do Imperador Pedro II, possui aspecto neoclássico, e ao seu redor encontra-se um jardim projetado pelo francês Marie Glaziou, também responsável por outros jardins da cidade, como os da Quinta da Boa Vista e o do Campo de Santana.
Inicialmente construído como sede administrativa e financeira do Matadouro Público de Santa Cruz, no prédio funcionavam a sua administração, o laboratório de análises clínicas e primeiros socorros para acidentes. O Palacete também funcionou como residência da diretoria e dos médicos que trabalhavam no matadouro. Pouco depois, iniciou seu viés escolar, abrigando a Escola Santa Isabel para filhos de funcionários do Matadouro. A escola foi inaugurada oficialmente em 30 de julho de 1886, com a presença do Imperador D. Pedro II e de sua filha, a Princesa Isabel acompanhada do marido, o Conde d’Eu. Vale frisar que mesmo após a inauguração da escola, a administração do Matadouro continuou no prédio.
Conforme o abatedouro tornou-se defasado no início da República, o prédio perdeu a necessidade de suas funções administrativas. Assim, a escola ocupou todo o palacete, mudando sua nomenclatura ao longo dos anos. Na década de 1920, o governo do Distrito Federal (atual cidade do Rio de Janeiro) resolveu homenagear os EUA e mudou o nome para Escola Estados Unidos da América. Em 1946, ocorreu uma nova mudança de nome. Surge a Escola Técnica Princesa Isabel, que perdurou até a década de 1960.
Na década de 1960, foi construído um novo prédio ao lado do Palacete, surgindo a Escola Municipal Princesa Isabel, que está funcionando até os dias atuais. Ao receber o nome de Palacete Princesa Isabel, muitas lendas foram criadas sobre o prédio: muitos moradores se confundem ao afirmarem que o estabelecimento foi a casa da Princesa Isabel, que nunca lá morou. Outros confundem o prédio como sendo a sede da Fazenda Real de Santa Cruz, que é na verdade o atual Batalhão Villagran Cabrita, tido como casa de veraneio da Família Real.
Atualmente, o prédio permanece com seu caráter educacional e cultural, atuando como um centro cultural, no qual funcionam uma biblioteca, diversos cursos gratuitos para a comunidade (como música e dança), e como sede do Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (NOPH), além de exposições. Ao se tornar um símbolo histórico para o bairro, foram fundamentais as lutas para a manutenção e preservação do prédio (que já pegou fogo duas vezes). Assim, desde 1984, o prédio é tombado como patrimônio cultural da cidade do Rio de Janeiro, pelo Decreto Municipal n° 4.538, devido às suas características arquitetônicas e importância histórica.
Conheça mais:
REFERÊNCIAS
COSTA, Edite Moraes. Do boi só não se aproveita o berro! O comércio das carnes verdes e a transformação socioeconômica da Imperial Fazenda de Santa Cruz com a construção do Matadouro Industrial (1870-1890). 2017. Dissertação (Mestrado em História) - Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.
NOPH. Consulta aos Jornais do NOPH e O Quarteirão.
SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA, 30. 2019, Recife. COSTA, Edite Moraes. E a "Modernidade" chegou no Matadouro Público de Santa Cruz. 1870-1922. Anais [...] ANPUH BRASIL, Recife, 2019.
SIQUEIRA, Thamires de Assis Alves. Cultura para quem? Reflexões sobre políticas públicas e direitos culturais na Zona Oeste carioca. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Museologia) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
SEMINÁRIO NACIONAL DE HISTÓRIA DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA, 16. 2018, Campina Grande. COSTA, Edite Moraes. Limpando a corte: a transferência do Matadouro Público para a Imperial Fazenda de Santa Cruz (1870-1881). Anais [...] Universidade Federal de Campina Grande/Universidade Estadual da Paraíba, Campina Grande, Paraíba, 2018.
0 comments
Sign in or create a free account