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"Habitar a História" é uma iniciativa que busca promover o reconhecimento da história e da memória local como recursos fundamentais para enfrentar os desafios contemporâneos, contribuindo para a valorização da riqueza e diversidade do lugar ao fomentar o diálogo entre seu patrimônio e suas diversas expressões culturais e sociais.


Um dos desdobramentos do projeto é a pesquisa para o desenvolvimento de linhas do tempo digitais, construídas a partir de camadas que compõem a identidade de um lugar, oferecendo aos usuários diferentes narrativas que consideram o patrimônio, a arte e as expressões culturais como pontos de conexão entre os eventos históricos e sociais.


A linha do tempo de Santa Cruz foi elaborada a partir do acervo do Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (NOPH), instituição que se dedica há mais de 40 anos a memória do bairro, em colaboração entre historiadores, pesquisadores e 10 jovens agentes culturais locais.


Santa Cruz, bairro da Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, esteve envolvido em importantes acontecimentos da história brasileira e detém patrimônios materiais de grande relevância construídos no período colonial, imperial e republicano. No entanto, sua história vai muito além dos eventos contados nos livros.


Inúmeras instituições, pessoas, e coletivos também estão representados na linha do tempo de 1500 a 2024, bem como as transformações arquitetônicas e de uso do patrimônio material, os saberes e as celebrações do patrimônio imaterial.


Assim, a linha do tempo de Santa Cruz foi organizada em quatro camadas que oferecem ao visitante o conhecimento sobre os Movimentos Sociais, Festejos e Culturas Populares, Natureza e Ambiente, Espaço Vivido, além da camada de suporte intitulada No Brasil e no Mundo, mostrando que os eventos não são isolados, mas sim estão todos interconectados.


Visando a acessibilidade de forma ampla, os conteúdos podem ser acessados por meio das ferramentas de leitura de texto. Além disso, todas as imagens contam com audiodescrição, e os vídeos produzidos pelo projeto têm janela de Libras.


Essa realização é uma construção coletiva, e expressamos nossa gratidão a todas as pessoas envolvidas na valorização da história e da vida cultural de Santa Cruz.


Realização

Istituto Europeo di Design e Rizoma Cultura

Coordenação Geral e Idealização

Tatiana Richard - Rizoma


Coordenação de Pesquisa

Bruno Almeida e Tatiana Richard


Historiadores e Pesquisadores

Guaraci Rosa, Keila Gomes e Thamires Siqueira.


Instituições Parceiras

Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz - NOPH e Timelinefy


Coordenação de Comunicação

Ana Righi


Gestão

Deborah Balthazar - Rizoma


Produção Executiva

Ana Rangel


Jovens agentes culturais

Ana Gabriele Furtado

Dan Z.O

Lais Lage

Moanan Couto

Patrick Caline

Viajante Lírico

Sthefany Andrade

Thaís Rocha

Victor Marques

Ynara Noronha


Assistente de Pesquisa

Ana Rangel e Victor Marques


Assistente de Produção Local

Pedro Cyborg


Assistente de Comunicação

Poliana Gomes


Soluções em Libras e acessibilidade comunicacional

INCLUA


Audiodescritora

Karina Conti da Silva


Consultora de audiodescrição

Ana Maria Santiago


Tradutor de Libras

Giliard Bronner Kelm


Consultor de tradução

Bruno Ramos


Digitalização de imagens do acervo

Docpro Criação de Bibliotecas Virtuais Ltda


Filmagem e edição de vídeos

Da Lata Filmes


Fotos da linha do tempo

Mônica Parreira, Ratão Diniz, Viajante Lírico, Victor Tavares, Domínio público.


Narração de vídeos de redes sociais

Dan Z.O


Programação visual e edição de vídeos

Pedro Lima


Revisão de textos da Linha do tempo

Isra Toledo Tov e Laryssa Fazolo


Roteiros para vídeos de redes sociais

Camica Oliveira


Formação em Design Thinking
Coordenação Geral

Alexandre Rese


Coordenação pedagógica

Artur ‘Kjá


Professores

Potências Periféricas - Diogo Oliveira

Tendências e Futuros - Thiago Freire

Inovação Social - Christyan Matos

Empatia - Daniel Martins

WEB 3 - Guilherme Marconi

Pesquisa - Luiz Coelho

Ideação - Leo Pope

Protótipo - Janaina Cavalcante

Plano de Ação - Raquel Gomes


Criação da Base Aérea de Santa Cruz

21/08/1944View on timeline

Base Aérea de Santa Cruz – Uma Jornada Histórica

Texto por Guaraci Rosa

Em 26 de dezembro de 1936, o Aeroporto Bartolomeu de Gusmão foi inaugurado em Santa Cruz, junto com um hangar destinado a dirigíveis (Zeppelins). Esse complexo aerostático foi construído com tecnologia alemã pela empresa Luftschiffbau-Zeppelin GmbH.

Naquela época, Getúlio Vargas manifestava simpatia pelos regimes totalitários da Alemanha e da Itália. Estávamos antes da eclosão da Segunda Guerra Mundial, e o nazismo alemão ainda não havia revelado sua verdadeira natureza. Os dirigíveis Graf Zeppelin e Hindenburg ostentavam a suástica alemã exteriormente, algo inimaginável nos tempos atuais.

Em fevereiro de 1942, o Brasil rompeu relações diplomáticas com Itália, Japão e Alemanha, resultando na revogação da concessão do aeroporto e do hangar. Esse momento marcou o início da transformação do complexo aerostático em Santa Cruz, que passou a ser comandado pelo Ministério da Aeronáutica, recém-criado em 1941.

Em agosto de 1942, o Brasil declarou guerra ao Eixo (Alemanha, Itália e Japão), unindo-se aos Aliados (EUA, URSS e Inglaterra) na Segunda Guerra. A população brasileira percebeu a entrada na guerra como resposta aos afundamentos de navios mercantes por submarinos alemães e italianos.

No entanto, uma guerra não se resume apenas a sentimentos patrióticos; interesses financeiros também desempenham um papel crucial. Liderando os Aliados, os Estados Unidos negociaram com o Brasil a compra de matérias-primas e o financiamento de uma siderúrgica em Volta Redonda. Vargas apoiou essas propostas, e logo após, os EUA ocuparam bases militares no Nordeste.

Uma unidade da Marinha dos Estados Unidos, equipada com dirigíveis "Blimps", estabeleceu-se no Aeroporto Bartolomeu de Gusmão na Base Aérea de Santa Cruz. Sua missão era patrulhar contra submarinos e escoltar comboios no Atlântico Sul.

Em dezembro de 1943, surgiu o Primeiro Grupo de Aviação de Caça (1º GAVCA), notório pelo grito de guerra "Senta a Púa!".

Fotografia colorida de um brasão redondo, com o fundo vermelho e a ilustração de um avestruz ao centro. A ave tem poucas penas, usa um quepe branco e um escudo azul, com cinco estrelas brancas, sendo a do centro menor que as outras; segura uma arma de onde sai um projétil e está em pé, com as pernas abertas sob uma nuvem branca, na qual está escrito, em letras pretas, "Senta a pua".
Brasão do 1° Grupo de Caça da FEB, 30 de agosto de 2009. Autor Capitão Aviador Fortunato Câmara de Oliveira. Fonte: Página Oficial da Força Aeréa Brasileira - Wikimedia Commons.      

Em 21 de agosto de 1944, o aeroporto foi redesignado como Base Aérea de Santa Cruz.

Em outubro de 1944, o Brasil enviou 43 pilotos e centenas de pessoal de apoio para a Itália. Eram membros da Força Aérea Brasileira (FAB), muitos deles de Santa Cruz.

Ao longo de mais de 80 anos de existência, a Base Aérea de Santa Cruz testemunhou inúmeros comandantes. Um deles se destaca: Rui Moreira Lima, criador do lema "Senta a Púa". Durante a guerra, quando era tenente e piloto de caça, participou de 94 missões na Itália entre novembro de 1944 e maio de 1945.

Em 1º de abril de 1964, ocorreu o golpe militar/empresarial no Brasil. Nesse momento, a Base Aérea de Santa Cruz era liderada por Moreira Lima, um democrata que acreditava na não participação dos militares na política. Defendeu o presidente João Goulart. Por isso, perdeu sua patente, foi proibido de voar por 17 anos e sua família sofreu perseguições.

Ele foi preso duas vezes em 1964 e novamente em 1970. Em um depoimento à Comissão da Verdade, relatou um total de 200 dias de prisão. Em 1979, afirmou em entrevista: "No mundo inteiro, ninguém tolera a covardia do torturador. É um criminoso, um covarde". Posteriormente, foi anistiado. O Major-Brigadeiro Rui Moreira Lima faleceu em 13 de agosto de 2013.

A Base Aérea de Santa Cruz abrigou diversas unidades e atualmente é a sede dos 1º e 2º Esquadrões do 1º Grupo de Aviação de Caça, além do 1º/7º Grupo de Aviação, 3º/8º Grupo de Aviação e 1º/1º Grupo de Comunicações e Controle.

Vale destacar que o Hangar do Zeppelin do Aeroporto Bartolomeu de Gusmão, situado na Base Aérea de Santa Cruz, é protegido pelo Instituto Histórico do Patrimônio e Artístico Nacional (IPHAN), tombado sob o número do processo 994-T-1978, Livro do Tombo Histórico nº 550, de 03/12/1998, englobando as estruturas como pontes rolantes, elevadores, escadas de acesso, motor, mecanismo de abertura das portas principal e secundária, bem como a estação de passageiros anexa.

A Base Aérea de Santa Cruz representa um tesouro histórico do bairro. Sua preservação e história devem ser mantidas, a fim de transmitir o conhecimento tanto às gerações atuais quanto às futuras, pois desempenham um papel vital na memória local.

Fotografia aérea, em preto e branco, de nove aviões estacionados, lado a lado, na pista. A foto foi tirada durante o dia, com o portão de entrada aberto.
Vista da pista da Base Aérea de Santa Cruz, foto tirada a partir da torre de controle, 1952. Autor desconhecido. Acervo NOPH.      
Fotografia em preto e branco do interior do hangar. À esquerda, há algumas salas com janelas e portas fechadas; no centro, alguns aviões; e um reboque, à direita.
Interior do Hangar do Zeppelin na Base Aérea de Santa Cruz, atualmente utilizado por aviões. Data provável, década de 1990. Autor desconhecido. Acervo NOPH.      

Conheça mais:

Aviação de caça - 1977

REFERÊNCIAS

BBC NEWS BRASIL. Brasil, 2023. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil. Acesso em: 12 ago. 2023

HISTÓRIA DA FAB. História da Força Aérea Brasileira, 2023. Disponível em: https://historiadafab.rudnei.cunha.nom.br/. Acesso em: 12 ago. 2023

IPATRIMÔNIO. Patrimônio Cultural Brasileiro, 2023. Disponível em: https://www.ipatrimonio.org/. Acesso em: 12 ago. 2023

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Published in 12/11/2023

Updated in 19/02/2024

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18/09/1952Ponte dos JesuítasPonte dos Jesuítas
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