Distrito Industrial
Distrito Industrial
Texto por Keila Gomes
A história do Distrito Industrial se entrelaça no contexto histórico de desenvolvimento industrial e tecnológico, em que as vastas plantações de Santa Cruz deram lugar a um dos maiores distritos industriais do Brasil e o maior do Rio de Janeiro. Sua criação remonta aos anos 1960, quando o polêmico político Carlos Lacerda estava à frente do governo do Rio de Janeiro, na época chamado de Estado da Guanabara. O distrito foi planejado, inicialmente, para abrigar empresas dos ramos metalúrgico e siderúrgico, e seu processo de formação envolveu a abertura da Avenida Brasil até Santa Cruz, um fator locacional estratégico para a instalação de indústrias desse porte.
Naquela época, a Zona Oeste já enfrentava crises, como a crise da laranja, e se apresentava como uma fronteira urbana desordenada, sem planejamento, sujeita aos interesses imobiliários particulares. A Cia. Progresso Industrial da Guanabara assumiu a responsabilidade de repensar o desenvolvimento econômico e o espaço urbano da cidade. Para isso, foram criados instrumentos que facilitassem a implantação de indústrias na região, incluindo a venda de terrenos a preços acessíveis, isenções de impostos e outras medidas favoráveis. A primeira indústria instalada foi a Companhia Siderúrgica da Guanabara em 1961. Dez anos depois, foi incluída no grupo GERDAU e sua inauguração oficial foi em 1973.
Foi apontada também a necessidade tanto de descongestionar áreas industriais, como o complexo industrial da Leopoldina, quanto de criar um novo polo de desenvolvimento com a indústria siderúrgica, impulsionando o novo Estado.
Os quatro Distritos Industriais – Santa Cruz, Paciência, Palmares e Campo Grande – foram criados na região da AP5 na década de 1970, seguindo o segundo Plano Nacional de Desenvolvimento (PND), que buscava a implantação de grandes complexos industriais fora do Estado de São Paulo. A implantação desses distritos não apenas abriu caminho para a instalação de outras unidades industriais na Zona Oeste, mas também contribuiu para o aumento das exportações pelo Porto de Sepetiba/Itaguaí.
Em 1980, surge a AEDIN, a Associação das Empresas do Distrito Industrial de Santa Cruz (RJ), que se torna a maior associação empresarial da região. Com 14 empresas associadas, o Distrito Industrial proporciona 18 mil empregos diretos e indiretos, gerando mais de R$ 200 milhões por ano em impostos para a cidade do Rio de Janeiro. Dessa forma, a trajetória do Distrito Industrial de Santa Cruz se revela como um marco essencial no desenvolvimento econômico da região, refletindo não apenas o crescimento industrial, mas também a capacidade de adaptação e transformação das áreas urbanas ao longo do tempo.
REFERÊNCIAS
CARVALHO, Camilla; PONSO, Fabio. Na Guanabara, Lacerda, Negrão de Lima e Chagas governam Cidade Maravilhosa. O Globo set. 2016. Disponível em: https://acervo.oglobo.globo.com/em-destaque/na-guanabara-lacerda-negrao-de-lima-chagas-governam-cidade-maravilhosa-20163142. Acesso em: 2 ago. 2023.
O QUARTEIRÃO. Jornal publicado pelo Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz (NOPH). Exemplares consultados: nov. 1984 a dez. 1998.
REIS, José de Oliveira. O Rio de Janeiro e seus prefeitos. Projetos de alinhamento. Rio de Janeiro: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, 1977.
WEYRAUCH, Cleia Schiavo. De Sertão à Zona Industrial. Revista Ágora, Vitória, n. 17, p. 13-31, 2013.
WIKIMAPIA. Siderúrgica Gerdau (Cosigua), 2012. Disponível em: http://wikimapia.org/993291/Sider%C3%BArgica-Gerdau-Cosigua. Acesso em: 18 jun. 2023
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