Restauro de obras do acervo
Devido às suas proporções, algumas obras foram mantidas no edifício e protegidas. É o caso das obras A Conversão do Apóstolo Paulo a Caminho de Damasco e A partida da Monção , das esculturas de mármore de Fernão Dias Paes e Raposo Tavares, obrigatório no saguão do edifício e as sete estátuas de bronze de bandeirantes distribuídas ao longo da escadaria monumental.
O quadro Independência ou morte (1888), de Pedro Américo, também ficou no edifício e foi restaurado entre janeiro e outubro de 2019, antes do início das obras.
Uma equipe especializada coordenada por Yara Petrella, especialista em conservação e restauro do Museu Paulista, ficou encarregada de reparar os danos causados pela ação do tempo na obra.
Para recompor pontos de perda de cor e amarelecimentos nas camadas da pintura, além de retirar vestígios de antigos restauros, os técnicos foram acompanhados por pesquisadores do Instituto de Física e do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP).
O trabalho foi apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), por meio do projeto temático “Coletar, identificar, processar, difundir: o ciclo curatorial e a produção do conhecimento” e “Espectroscopia vibracional com resolução espacial”.
Os restauradores utilizaram técnicas específicas e equipamentos que mostraram os materiais utilizados durante o processo criativo de Pedro Américo.
Para expor traços iniciais feitos a grafite ou carvão pelo pintor, foram empregados alguns recursos tecnológicos como a reflectografia de infravermelho, a espectroscopia por fluorescência de raios X e a espectroscopia Raman, determinantes para que o quadro fosse reconstruído por completo.
As técnicas utilizadas são consideradas não-destrutivas: a Raman, por exemplo, permite a coleta de fragmentos microscópicos do quadro, que são preservados para análises futuras.
A técnica de espectroscopia por fluorescência de raios X, como explica uma matéria da Fapesp a respeito do assunto: “é feita por meio de um arranjo experimental composto por um tubo e um detector de raios X. Nesse arranjo, a radiação é emitida sobre a pintura e as áreas irradiadas respondem emitindo também raios X, em diferentes patamares de energia [comprimentos de onda], que são coletados pelo detector. Os raios reemitidos dependem dos elementos químicos presentes em cada área: chumbo, ferro, cádmio etc. Dessa forma, é possível inferir os elementos químicos presentes na composição das tintas originais e nas de restauros anteriores” (DINARTE, 2020).
Segundo os especialistas, os recursos utilizados na restauração também permitiram o reconhecimento de intervenções anteriores na tela. Um tom amarelado indevido em uma certa região do céu foi um dos exemplos identificados pela tecnologia.
Os artifícios ainda permitiram encontrar imagens ocultas ou "figuras de arrependimento", como no caso de traços alusivos a um cavalo, encontrados com o uso do infravermelho.
Terminado o trabalho de restauro, o quadro será recoberto com verniz de alta qualidade, próprio para resistir a muitos anos sem amarelecer.
Vídeos:
FAPESP - Ciência e arte se aliam na restauração do quadro "Independência ou Morte", 17 de fevereiro de 2020.
Referências:
Ciência e arte se aliam na restauração do quadro Independência ou Morte, Revista FAPESP. Disponível em: Link
Link interno:
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