Padre José Maurício em Santa Cruz
Padre José Maurício em Santa Cruz
Texto por Thamires Siqueira
Nascido no Rio de Janeiro em 22 de setembro de 1767, o Padre José Maurício Nunes Garcia foi um dos maiores exemplos da musicalidade brasileira no período colonial. A música em Santa Cruz (“a terra da boa música”) foi algo muito presente desde o período jesuítico, com os corais litúrgicos dos padres e com a presença dos músicos escravizados. Na Fazenda de Santa Cruz se executava, compunha e criava música.
Sua carreira como músico teve início desde sua juventude. Em 1783 já se tem registro de suas primeiras composições como “Antífona”, tendo como mestre Salvador José, um dos primeiros professores de música do Rio de Janeiro, saído de Santa Cruz. Em 1793, José Maurício foi ordenado padre, mas sem abandonar suas funções como músico, sendo considerado um padre-compositor.
Identificado como “mulato”, trabalhava como mestre de capela de Dom João VI e, a partir das encomendas dele, compunha obras musicais especialmente para a Capela da Fazenda Real de Santa Cruz, além de outras composições para a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, para a Real quinta de Santa Cruz e Real Quinta da Boa Vista, fatos que foram registrados em pinturas e livros como o “Uma grande glória brasileira - José Maurício Nunes Garcia (1767-1830)”, de Visconde de Taunay, “José Maurício - o padre compositor”, de Mauro Gama, e “Catálogo temático - José Maurício Nunes Garcia”, de Cleofe Person de Mattos. Segundo fontes confiáveis, após a chegada de Marcos Portugal a estas terras, seu número de encomendas para a Corte diminuiu.
O cargo de “padre”, porém, não impediu José Maurício de constituir família, tendo tido cinco filhos com Severina Rosa de Castro. De todos o único legitimado foi Dr. José Maurício Nunes Garcia, formado em medicina, havendo também outro de que muito se fala, Antônio José Nunes Garcia, que foi tipógrafo, poeta e autor de peças de teatro.
O legado musical segue presente atualmente em Santa Cruz. Através dos séculos, foram evoluindo os ritmos e perpassando por diversos compositores, mas nunca perdendo o título de “terra da boa música”. Alguns exemplos que seguem funcionando até os dias de hoje são as bandas de música que estavam presentes desde D. João VI. Como exemplo de espaços de resistência musical, podemos citar a “24 de Fevereiro” (ativa desde 1891) e a “Francisco Braga” (desde 1905).
REFERÊNCIA
NOPH. Consulta ao Acervo de jornais, revistas e periódicos.
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