Banda 24 de fevereiro
Banda 24 de Fevereiro
Texto por Keila Gomes
Fundada em 24 de fevereiro de 1891 por distintas personalidades do bairro de Santa Cruz, a banda “24 de Fevereiro” originou-se como uma forma de honrar a primeira Constituição Republicana. Seu pioneiro presidente foi Felipe Basílio Cardoso Pires, e o Maestro Manoel Angelino de Oliveira atuou como seu regente inaugural. A jornada da banda foi caracterizada por apresentações ao ar livre em praças, participações em celebrações religiosas e participação em eventos notáveis, como a inauguração do Trem Elétrico de Campo Grande a Santa Cruz, que contou com a presença do Presidente Getúlio Vargas. A banda também participou do programa "A Lira de Xopotó" da Rádio Nacional.
Com o emblema retratando uma lira, a Sociedade Carnavalesca exerceu influência sobre os principais grupos carnavalescos de Santa Cruz: Os Progressistas, Democráticos e até mesmo os Furrecas, sendo inclusive integrantes da banda que tocava durante o carnaval.
Na sua sede, ocorriam ensaios semanais, e eram proporcionados cursos livres de música. A banda centenária formou ao longo dos anos gerações de músicos que vieram a integrar as fileiras das bandas do Exército, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e dos Fuzileiros Navais, além de orquestras sinfônicas.
Inúmeros acontecimentos significativos compõem a história desta antiga banda de Santa Cruz. Contudo, a criação do Ginásio 24 de Fevereiro encontrou inicialmente dificuldades na angariação de sócios, evidenciando que Santa Cruz estava a passar por mudanças sob o regime republicano e que era necessária uma nova abordagem para promover atividades artísticas na região. Já em 18 de outubro de 1891, a diretoria liderada por Felipe Cardoso deixou seus cargos devido à falta de apoio dos associados ao ginásio. A nova diretoria não pareceu ter conseguido reverter essa situação, pois não foram encontradas quaisquer atividades associadas ao ginásio durante esse período. Quando o Grêmio retornou anos mais tarde, falou-se então em uma "Acta de reorganização", sugerindo que o ginásio ficou inativo devido à falta de apoio financeiro e associativo. Nesse momento, Santa Cruz, bairro outrora conhecido como a "terra da boa música", mantinha suas tradições musicais através dos padres jesuítas, da Coroa Portuguesa e posteriormente do Império Brasileiro. No entanto, tornou-se incapaz de manter uma sociedade musical, carecendo de apoio tanto do governo quanto da comunidade
Além disso, é importante destacar que a história da banda de Santa Cruz também está intrinsecamente ligada à evolução cultural da região. Atualmente, a sede da banda desempenha um papel fundamental no cenário artístico local, sendo parte integrante do ETAA (Elenco Teatral Amante das Artes). Essa nova empreitada representa uma continuação do compromisso histórico com as artes e a cultura, contribuindo para a promoção de espetáculos teatrais e manifestações artísticas diversas. Através dessa iniciativa, a antiga sociedade musical mantém viva a sua herança cultural, adaptando-se às demandas contemporâneas e perpetuando sua influência na comunidade de Santa Cruz.
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REFERÊNCIA
O ultra esplêndido carnaval na Terra das Maravilhas: As artes visuais na festa de Momo do subúrbio de Santa Cruz. (1904-1980). Gabriel Alves de Castilho. 2022. Rio de Janeiro. UFRJ(Universidade Federal do Rio de Janeiro)
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