Nichol Xavier
Nichol Xavier
Texto por Keila Gomes
Nichol Xavier Aratuba, também conhecido como "China", nasceu em 04 de março de 1922 e foi um fotógrafo, artesão e um dos mais importantes produtores de máscaras de papel marché do Carnaval de Santa Cruz. Descendente de chineses, ele era muito famoso por criar máscaras de personagens clássicos do Carnaval de Santa Cruz. No auge de suas fabricações, ele chegou a ter que contratar empregados para atender à demanda.
Nichol fez parte das sociedades carnavalescas e foi o fundador do bloco da crítica, que desfilava com placas criticando o poder público e homens vestidos de mulher. Em 1985, Nichol retornou com seu ateliê e suas máscaras, como o diabinho e o morcego, causando estranhamento na população. Ele contou com o apoio de seu filho, André Seabra da Silva Xavier.
Além de ser um artesão de máscaras habilidosas, Nichol também era fotógrafo, e suas fotos podem ser encontradas em jornais das décadas de 50 e 60. Ele foi um dos primeiros pesquisadores do Carnaval de Santa Cruz, contribuindo com muitos relatos que foram registrados pelo professor Sinvaldo. Em uma das gravações, Nichol mencionou que a época de ouro das máscaras de papel marché foi nas décadas de 30 e 40.
Com base nos relatos coletados em 1992, Nichol afirmava que as máscaras de papel marché conferiam peculiaridade ao Carnaval de Santa Cruz. Cada fantasia ou grupo tinha cumprimentos específicos. Por exemplo, se dois diabos se encontrassem, eles deveriam se cumprimentar de uma maneira específica. Mesmo os burros tinham suas próprias formas de cumprimento. A fantasia de morcego era cortejadora, com o "morcego" abrindo as asas e paquerando o sexo oposto. As caveiras apitavam e caminhavam até o cemitério.
As máscaras de papel marché eram populares, segundo Nichol Xavier, devido à sua acessibilidade para as camadas mais pobres da população. Sua contribuição para a memória e história do bairro é de extrema importância na construção da identidade periférica e na criação dos "bate-bolas", uma tradição de brincadeira de Carnaval que persiste até hoje.
Nichol Xavier promoveu e preservou a tradição das máscaras de papel marché, sendo reconhecido como um dos maiores artistas relacionados à confecção das máscaras. Seu legado contribuiu significativamente para a memória cultural e a identidade da região, deixando uma marca indelével na história dos "bate-bolas" e no Carnaval de Santa Cruz.
Conheça mais:
Máscaras e fantasias de carnaval - O Clóvis
REFERÊNCIAS
CASTILHO, G. A. de. O ultra esplêndido carnaval na Terra das Maravilhas: As artes visuais na festa de Momo do subúrbio de Santa Cruz (1904-1980). 2019. Tese (Mestrado em Artes Visuais) - Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2019.
WILD, Bianca. Eu sou da Lira! Carnavais e Heróis de Santa Cruz RJ. Recanto das Letras, 2018. Disponível em: https://www.recantodasletras.com.br/artigos-de-cultura/6244149. Acesso em: 2 jun. 2023.
0 comments
Sign in or create a free account