Contratação do pintor Pedro Américo
A pintura histórica Independência ou morte foi feita pelo pintor Pedro Américo a pedido do Governo Imperial. A tela foi realizada na cidade de Florença, na Itália, em 1888, para ser fixada no Salão Nobre do Museu do Ipiranga, onde permanece até hoje.
A obra é considerada a representação mais consagrada do que supostamente foi o momento da proclamação da Independência do Brasil, quando D. Pedro teria proferido a frase “É tempo! Independência ou morte! Estamos separados de Portugal!”.
Segundo registros feitos pelo conselheiro imperial Joaquim Inácio Ramalho, Pedro Américo, que já era um artista conceituado, se ofereceu para executar a obra, em 1885. Inicialmente, a proposta não foi aceita por falta de fundos e outras questões arquitetônicas do edifício.
Porém, em 14 de julho de 1886, firmou-se um contrato entre Américo e Ramalho, provavelmente por pressão da opinião pública da época.
Nele, o artista se comprometia a pintar um “quadro histórico comemorativo da proclamação da Independência pelo príncipe regente D. Pedro nos campos do Ypiranga” em três anos. A pintura foi concluída antes do prazo, em 1888.
Américo fez minuciosas pesquisas sobre o que teria sido o movimento da Independência, além de investigar os trajes da época e de entrevistar testemunhas, entre outros detalhes. Essa era uma prática comum na elaboração de pinturas históricas.
Exposto pela primeira vez em 8 de abril de 1888, na Academia de Belas Artes de Florença, foi entregue três meses depois ao governo paulista. No Brasil, a tela foi exposta pela primeira vez na inauguração do Museu, em 7 de setembro de 1895.
Veja aqui uma análise do quadro feita para o Portal Google Arts and Culture.
O quadro de Américo é parte integrante do esforço do governo e das elites intelectuais do final do século 19 para construir um “passado visual” brasileiro e criar um imaginário coletivo sobre o que teria sido o momento da Independência e seus heróis.
A obra é uma representação de um fato histórico e não um retrato fiel da realidade. Essa pintura histórica é uma criação que ilustra, simbolicamente, o ato de fundação da nacionalidade brasileira. A técnica, a composição e os símbolos utilizados pelo pintor na obra pretenderam oferecer um caráter épico ao momento da proclamação, e também evidenciaram a figura de D. Pedro I, escolhido como herói para representar a Independência do Brasil.
Referências:
Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, v27, 2019. Link
Mattos, Cláudia Valladão de. Imagem e palavra. In: OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles; MATTOS, Cláudia Valladão de (Org.). O brado do Ipiranga. São Paulo: Edusp; Museu Paulista, 1999b.
Nery, P.; LIMA JUNIOR, C. Do “campônio paulista” aos “homens da Independência”: interpretações em disputa pelo passado nacional no Salão de Honra do Museu Paulista. Anais do Museu Paulista, v. 27, 2019. Link
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