Preparação para o Centenário da Independência: Gestão Taunay
No início do século 20, São Paulo começava a se tornar uma metrópole. A cidade passava por um grande fortalecimento pela economia do café e pela imigração.
Nesse contexto, o governo investia em seu desenvolvimento como parte de seu projeto político. A gestão do Museu pelo historiador Affonso d'Escragnolle Taunay se inseriu nesse projeto.
Em 1917, Taunay assumiu a direção do Museu e criou a Seção de História Nacional. Sua grande tarefa era realizar os preparativos para o Centenário da Independência do Brasil, em 1922. Como parte desse trabalho, Taunay montou no edifício uma espécie de memorial que tem como foco a nação e a cidade de São Paulo.
Até meados da década de 1920, o Museu costumava ser visto como uma instituição que continha apenas coleções zoológicas e botânicas, com funções pedagógicas. Já a partir do projeto do novo diretor, o local passou a ser considerado um museu de História com um acervo focado nas tradições paulistas e nacionais.
Um dos espaços trabalhados por Taunay é o Eixo Monumental. Visualmente, seu percurso parte do Monumento à Independência do Brasil, na área externa, passa pela escadaria principal e segue até a pintura Independência ou morte, de Pedro Américo, no Salão Nobre, localizado no segundo andar do edifício.
Ele foi pensado pelo diretor para representar a formação do Brasil a partir da exploração do território por agentes paulistas, principalmente os bandeirantes. Essa interpretação da história do Brasil tornou-se uma espécie de versão oficial por muito tempo, por ter sido adotada em livros didáticos, por exemplo.
É nesse momento que o mito do bandeirante como desbravador e herói começou a ser consolidado do ponto de vista ideológico e visual. Nesse projeto, o papel de “conquistador” e “unificador” do território da nação brasileira foi atribuído a esse personagem.
Hoje, essa representação da história do Brasil é tratada de forma crítica, por desconsiderar a violência empregada nesse processo contra populações indígenas e escravizadas.
Um exemplo do esforço de Taunay na construção dessa narrativa foi a colocação das estátuas dos bandeirantes Fernão Dias e Raposo Tavares no saguão de entrada, enquanto no nicho acima da escadaria há uma estátua de D. Pedro I junto a outras seis esculturas de bandeirantes feitas de bronze.
O diretor passou a encomendar também pinturas que representassem personagens e momentos da História do Brasil e de São Paulo considerados decisivos. Entre os artistas estavam Domenico Failutti e Oscar Pereira da Silva.
Também data dessa época o início do projeto do Monumento às Bandeiras de Victor Brecheret, escultura encomendada em 1920 e concluída em 1953, na ocasião das comemorações do IV Centenário de São Paulo (1954).
Arquivos para consulta:
Marins, P. C. G. (2019). Introdução. Anais Do Museu Paulista: História E Cultura Material, 27, 1-11. Link
Mattos, C. V. de. (1999). Da Palavra à Imagem: sobre o programa decorativo de Affonso Taunay para o Museu Paulista. Anais Do Museu Paulista: História e Cultura Material, 6(1), 123-145. Link
O Museu Paulista e a gestão Afonso Taunay [recurso eletrônico]: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX / Cecília Helena de Salles Oliveira, organizadora – São Paulo: Museu Paulista da USP, 2017. Link
Verbete “Programa Decorativo de Affonso Taunay” no Wikipedia.
O Museu Paulista e a gestão Afonso Taunay [recurso eletrônico]: escrita da história e historiografia, séculos XIX e XX / Cecília Helena de Salles Oliveira, organizadora – São Paulo: Museu Paulista da USP, 2017. Link
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