Perspectiva dos Portugueses diante da Floresta
Resumo
Imaginem o susto dos europeus ao chegarem a um continente e se depararem com árvores gigantescas, rios caudalosos e uma fauna totalmente abundante e desconhecida.
Sugestão de leitura
Revista Super Interessante - A Mata Atlântica que Cabral Encontrou, https://super.abril.com.br/historia/a-floresta-que-cabral-encontrou/
Sugestão para o Professor
O/a professor/a pode estimular entre os/as alunos/as o debate acerca dos sentimentos ambíguos ou diversos despertados nos diferentes indivíduos ou grupos sociais diante da floresta, em seus contextos históricos específicos. Por um lado, há a percepção mais idílica do prazer estético e até mesmo espiritual causado pela natureza "primitiva" (que provavelmente não era a sensação geral entre os colonizadores europeus, interessado em derrubar o grande ""obstáculo"" a seus propósitos, representado pelas desconhecidas, perigosas e impenetráveis florestas). Por outro lado, houve o deslumbramento causado por essas imponentes florestas nos viajantes naturalistas do século XIX, sedentos por desvendar os mistérios da impactante e quase desconhecida natureza dos trópicos. Há, ainda, um ponto de vista, digamos, mais pragmático ou realista desenvolvido, entre outros, por Warren Dean (1996, p. 28-29), ou seja, o de que a floresta tropical é “um lugar inóspito para o homem”:
"Abrimos nosso caminho no chão tropeçando entre as pernas de gigantes, com muito menor destreza que nos campos abertos. [...] Emaranhados de raízes e trepadeiras restringem nossos passos. Cipós, eriçados de espinhos, arranham nossos braços. [...] Ao longo de riachos, é constante o assédio de legiões de carrapatos, pernilongos, mosquitos-pólvora, alguns deles parasitados por micróbios letais a nós, mamíferos pelados. Em meio a esse caos, a esses escombros, a esses perigos, espiamos lá em cima a luz distante que se filtra palidamente através da folhagem. [...] Para alcançar sua altitude estonteante, necessitamos de escadas, cordas e roldanas, plataformas – artifícios difíceis de arrastar para dentro da floresta e mais difíceis ainda de armar. [...] Não somos mais animais noturnos, se é que o fomos alguma vez. É apenas à noite, no entanto, que a floresta vem à vida e se enche dos ganidos, gritos e guinchos de sapos, pássaros e insetos, envolvidos em um milhão de dramas de caça, fuga e copulação. Em meio ao clamor da floresta noturna, estamos cegos sem nossas lanternas, indefesos sem mosquiteiros, redes e fogueiras"
Detalhamento
Com que paisagem os europeus se depararam ao chegar no Brasil?
Não sei vocês, mas, sempre que estou diante de uma imponente e preservada floresta, longe do asfalto, concreto e buzinas, a reflexão que sempre me vem à mente é: nossa, há pouco mais de 500 anos, era tudo assim! No lugar de prédios gigantes repletos de janelas e andaimes, havia jequitibás arranhando os céus, com tronco e galhos repletos de bromélias e orquídeas! No lugar de rodovias asfaltadas, a paisagem era cortada por rios pujantes. No lugar de buzinas e sirenes, ouvia-se serenata de pássaros, sinfonia de sapos e coral de cigarras. Para qualquer lugar que se olhasse, de certo que haveria vida!
Se, hoje, uma floresta é capaz de nos deixar tão maravilhados, mesmo a maioria de nós tendo nascido e crescido na Mata Atlântica, imagine só quais não foram as reações dos colonos portugueses ao aqui aportarem pela primeira vez. Tudo que encontraram era diferente do que conheciam de sua terra de origem: animais, plantas, cachoeiras, praias, sabores, aromas, povos, tudo. Naquela época, as áreas naturais de Mata Atlântica ocupavam mais de 1 milhão de quilômetros quadrados, ou seja, aproximadamente 15% de todo atual território nacional. E não se tratava de um oceano de árvores formando uma beleza estática. As paisagens mudavam drasticamente conforme adentravam o continente. Restingas, manguezais, afloramentos rochosos, floresta ombrófila densa, cachoeiras, clima serrano, clima praiano. Tudo lindo, diferente e tudo Mata Atlântica!
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