Economia açucareira - desmatamento e substituição da mata nativa brasileira
Resumo
Planta adaptada ao cultivo em terras tropicais, a cana encontrou, no litoral brassileiro, condições de solos e climas propícios ao seu pleno desenvolvimento.
Detalhamento
Após um período de relativo "esquecimento", no qual o litoral brasileiro cumpria a função de atracadouro para reabastecimento de água e mantimentos para os navios portugueses que iam em direção das Índias, e a exploração econômica não ia além da exportação do pau-brasil, a Coroa portuguesa, temendo a disputa com outras potências por sua colônia sul americana, inicia a colonização efetiva do litoral com a plantação de cana-de-açúcar. Planta adaptada ao cultivo em terras tropicais, a cana encontrou, no litoral brassileiro, condições de solos e climas propícios ao seu pleno desenvolvimento.
No extenso e pouco recortado litoral brasileiro, a escolha dos locais para o estabelecimento dos primeiros engenhos foi feita, inicialmente, a partir das características favoráveis ao estabelecimento de portos. Desse modo, os primeiros núcleos fixos de ocupação e povoamento impulsionados pelo cultivo da cana foram localizados onde hoje ficam os estados de Pernambuco, Bahia, Rios de Janeiro e São Paulo.
Cultivada em grandes propriedades no sistema de monocultura e com recurso ao trabalho de pessoas escravizadas, inicialmente indígenas, e depois com os trazidos de diferentes partes da África, a cana-de-açúcar é responsável pelo início de um desmatamento feito sem preocupações por muitos séculos. A lucratividade do comércio internacional de açúcar fez proliferar os engenhos ao longo do século XVI, com o decorrente aumento da população em Recife, Olinda, Salvador, Rio de Janeiro e São Vicente. A articulação dos engenhos monocultores com outras atividades necessárias para o sustento de uma população cada vez mais numerosa, como as roças de gêneros alimentício e a pecuária, que eram praticadas fora das terras florestais mais férteis, acentua ainda mais o desmatamento.
Por outro lado, é importante também lembrar que a madeira era uma das principais matérias-primas para a construção de casas e engenhos, bem como o combustível básico utilizado na alimentação dos fornos utilizados na produção do açúcar. Desse modo, com o aumento populacional e a proliferação dos engenhos, percebe-se a dimensão do desmatamento causado pela expansão da economia da cana por todo litoral brasileiro.
Figura 24 - Engenho de açúcar
Referências
MORAES, Antônio Carlos Robert. Bases da Formação Territorial no Brasil: o território colonial brasileiro no "longo" século XVI. São Paulo: Hucitec, 1999.
RODRIGUES, Gelze Serrat de Souza Campos; ROSS, Jurandyr Luciano Sanchez. A trajetória da cana-de-açúcar no Brasil: perspectivas geográfica, histórica e ambiental, Uberlândia: EDUFU, 2020. Disponível em: http://www.edufu.ufu.br/sites/edufu.ufu.br/files/edufu_a_trajetoria_da_cana-de-acucar_no_brasil_2020_ficha_corrigida.pdf
FREDERICO, S. Território e cafeicultura no Brasil: uma proposta de periodização. Geousp – Espaço e Tempo (Online), v. 21, n. 1, p. 73-101, abril. 2017. ISSN 2179-0892.
Conexão
0 comments
Sign in or create a free account