O Ciclo do Ouro
Resumo
No final do século XVII, com a descoberta de diversas jazidas de ouro no interior do continente, inicia-se uma nova etapa da colonização
Sugestão para o Professor
Análise de gráfico demográfico - Fonte: https://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-ouro/mapas/populacao-e-exportacoes-da-colonia e; https://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-ouro/mapas/populacao-e-exportacoes-da-colonia
Gráfico de densidade populacional e grupos étnicos da época de exploração do ouro - Brasil Colônia - https://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-ouro/mapas/graficos-producao-de-ouro-e-populacao-mineira-no-seculo-18 e; https://atlas.fgv.br/marcos/descoberta-do-ouro/mapas/populacao-e-exportacoes-da-colonia
Detalhamento
No final do século XVII foram achadas as primeiras minas de ouro do Brasil, em Minas Gerais, pelos bandeirantes paulistas. A partir daí, uma corrida pelo ouro no interior do país passou a acontecer e um grande fluxo de população passou a se deslocar para as regiões mineradoras, que incluíam áreas dos atuais estados de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás. Uma maior integração dessas áreas com o restante do país foi feita, com a consolidação dos caminhos, a construção de estradas e o aumento do tráfico de escravos.
Figura 34 - Área de exploração mineral (séculos XVII e XVIII).
A extração de ouro era feita de duas maneiras, uma nos leitos e margens de rios (ouro de aluvião) e nas encostas de morros (minas). O ouro de aluvião foi o que primeiramente foi explorado intensamente, uma vez que não há necessidade de técnicas muito avançadas para a sua exploração.
Em Minas Gerais, onde a atividade foi mais intensa e duradoura, a exploração do ouro trouxe grandes impactos para o ambiente local, já que na abertura das minas, grandes quantidades de sedimentos eram deslocados. Além disso, havia desmatamento da cobertura vegetal e o ressecamento de cursos de rios. Dessa forma, a degradação intensa da Mata Atlântica, que antes estava restrita à zona costeira, adentrou o interior do país.
A retirada da cobertura vegetal, muitas vezes feita pela técnica de queimadas, trouxe como impacto para as áreas a erosão, a redução do potencial hídrico e a retirada do habitat de muitos animais e plantas. As cavas de mineração feitas no relevo para a exploração do ouro em encostas são marcas que existem até os dias atuais na paisagem local. A vegetação pode até ter se desenvolvido novamente nesses locais, encobrindo parte das escavações, mas as cavas são resquícios das alterações ambientais nesses locais que, até os dias de hoje, passam por um processo intenso de erosão e desmoronamentos.
Vale ressaltar que a atividade mineradora deu origem a diversas cidades, fazendo crescer o contingente populacional no interior do país. Além disso, havia a articulação da mineração feita nas cidades com outras atividades secundárias necessárias para garantir o suporte para a população local, como a agricultura e a pecuária, que ocorriam sobretudo ao longo das estradas abertas para a região das minas. Dessa forma, não apenas a atividade principal trazia impactos para a paisagem, mas também as outras atividades que foram se desenvolvendo, derivadas da mineração e do aumento populacional na área. Como resultado, temos um primeiro esboço de articulação entre diferentes pontos do território colonial, com o desmatamento de florestas ao longo das estradas, pastos e campos de cultivo.
A própria construção das vilas trouxe desmatamento, uma vez que áreas de florestas eram retiradas para a construção de casas, igrejas, prédios públicos, comércio e até mesmo fortes de proteção contra invasores. Algumas dessas construções foram abandonadas com o tempo e atualmente são vestígios de um tempo passado. Essas construções, em parte, já foram tomadas por uma vegetação secundária e que podem trazer características próprias para a vegetação que se instalou na construção e em seus arredores. Por exemplo, os muros e paredes servem de contenção para ventos e manutenção da umidade, fazendo com que a vegetação desenvolvida nesse entorno seja diferenciada da encontrada na região.
Dessa forma, o processo de exploração e ocupação do interior do Brasil, mais especificamente em Minas Gerais, causou grandes mudanças na paisagem dominada pela Mata Atlântica, resultando em desmatamento da cobertura vegetal e problemas ambientais como assoreamento de rios e intensificação de erosão. Tal atividade econômica, que conseguiu estender sua influência por grande parte do atual território brasileiro, desde a produção pecuária no sul, passando pela produção de gêneros de abastecimento no interior de São Paulo e sul de Minas Gerais, e a fundação de pousos para as tropas que levavam os produtos para as cidades mineiras ao longo das estradas, causou grande impacto na Mata Atlântica, que foi alterada intensamente.
Referências
GUEDES, V. L. Uma análise histórico-ambiental da região de Ouro Preto pelo relato de naturalistas viajantes do século XIX. Revista Filosofia e História da Biologia, v. 5, n. 1, p. 97-114, 2010. Disponível em: https://www.abfhib.org/FHB/FHB-05-1/FHB-05-1-06-Valdir-Lamim-Guedes.pdf
GUIMARÃES, C. M & MORAIS, C. F. Mineração, degradação ambiental e arqueologia. Minas Gerais, Brasil século XVIII. Revista Memórias Americanas vol.26 no.2 Ciudad Autónoma de Buenos Aires [dic]. 2018. Disponível em: http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1851-37512018000200006
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