A interiorização do desmatamento
Resumo
A diversificação da economia colonial, com a economia do ouro e o crescimento de outras atividades, fez com que a Evento de desmatamento superasse a faixa litorânea, atingindo novas áreas.
Sugestão para o Professor
Usar vídeo sobre o bioma da Mata Atlântica para discutir as relações entre relevo, clima, solo e vegetação, destacando a biodiversidade encontrada nesse bioma.
https://www.youtube.com/watch?v=bShwn-z0-wg
Detalhamento
A região onde a Mata Atlântica se desenvolveu possui a denominação morfoclimática de Mares de Morros, nome dado pelo geógrafo Aziz Ab`Saber.
Os Mares de Morros estão localizados em uma faixa ampla do litoral brasileiro, tendo presença em 13 estados brasileiros, ocupando uma área de quase 12% do território do Brasil. Possuem como caraterística a presença de um planalto bastante irregular com formas mamelonares (Planalto Atlântico). Essa paisagem tem essa feição pois seu terreno tem uma formação antiga, no período de formação da Gondwana (cerca de 450 milhões de anos atrás) e que por isso, devido aos milhões de anos de desgastes (fatores exógenos: chuva, vento e sol), formaram morros e serras com características mais arredondadas. O clima dessa região é predominantemente tropical úmido, porém, há variações de acordo com a latitude e altitude. Essa região, é marcada por fortes chuvas que naturalmente já aumentam o processo erosivo, causando deslizamentos de terras.
Por conta da alta pluviosidade, a hidrografia na região possui bastante volume de água. Nesse domínio morfoclimático são encontradas duas grandes bacias hidrográficas: a do Rio Paraná e do Rio São Francisco. Por estar em uma área onde quase 60% da população brasileira vive, os rios dessa região, historicamente, vem sofrendo um processo de degradação, devido ao assoreamento, poluição e contaminação.
Os solos encontrados no domínio dos Mares de morros são antigos, devido a sua formação bastante antiga, dessa forma são profundos e compostos por diversos tipos de sedimentos. Entre os solos de destaque estão o de massapê (historicamente, usado no cultivo da cana-de-açúcar) e o salmourão. O massapê é um solo bastante fértil, porém com o desmatamento e sua exposição ao intemperismo e à erosão, vem sendo desgastado e sendo responsável por inúmeros deslizamentos de terras no Brasil. Já o salmourão não é um solo muito fértil, mas usando técnicas adequadas pode ser usado para a agricultura.
No século XVIII, com o desenvolvimento da economia aurífera na região de Minas Gerais, observou-se um crescimento tanto das atividades econômicas voltadas para o abastecimento, como a pecuária e as lavouras de gêneros alimentícios, quanto da população urbana. Como consequência, ocorreu igualmente um aumento do interesse na apropriação de imensas áreas de mata nativa que até então restavam praticamente intocadas. De um modo geral, pode-se perceber que esse primeiro avanço do desmatamento em direção ao interior do território ocorreu nos limites do domínio morfoclimático dos mares e morros.
Os muitos anos de técnicas agropecuárias inadequadas trouxeram, para esse domínio morfoclimático, grandes impactos que causaram alterações nos solos e por consequência na vegetação local (Mata Atlântica), trazendo perda da produtividade também. Dessa forma, pode-se dizer que, de início, as grandes produções agrícolas do Brasil (como a cana-de-açúcar e o café), apresentaram boa produtividade, pois se beneficiavam de um solo fértil. Porém, com o passar dos anos de uso inadequado dos solos, houve uma exaustão desses solos, dificultando, até mesmo, uma restauração vegetal natural da vegetação.
Figura 45 - Mapa dos Domínios Morfoclimáticos
Referências
AB'SABER, A. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. São Paulo: Ateliê Editorial, 2003
RESENDE, L. de O. et al. Origem, evolução e sustentabilidade da paisagem dos mares de morros. Revista Ciência Geográfica - Bauru - XXVI - Vol. XXVI n. 1, Janeiro/Dezembro - 2022.
Conexão
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