Invasão francesa pela Zona Oeste
A Invasão Francesa pela Zona Oeste
Texto por Guaraci Rosa
Guardando-se as devidas proporções das tragédias de cada país (Chile e Estados Unidos), podemos dizer que a cidade do Rio de Janeiro também teve um fatídico 11 de setembro. Para entendermos melhor, vamos voltar ao fim do século XVII e depois iremos ao século XVIII.
O ano de 1695 é marcante para a cidade do Rio de Janeiro, pois neste ano o porto da cidade começa a receber o ouro de Minas Gerais para ser embarcado ao porto de Lisboa. Tal fato vai motivar as invasões que a cidade vai sofrer no século XVII.
A primeira invasão ocorreu entre agosto e setembro de 1710, quando Jean François Duclerc, comandando cinco embarcações e cerca de 1200 homens, tentou invadir a cidade do Rio de Janeiro. No entanto, os invasores não contavam com a reação da Fortaleza de Santa Cruz e da Fortaleza de São João, localizadas na Baía da Guanabara.
Com a reação das fortalezas, só restou aos franceses baterem em retirada, mas os corsários comandados por Duclerc não queriam voltar de mãos vazias. Com isso, partiram para Angra dos Reis, na época chamada de Vila de Angra dos Reis da Ilha Grande. Os corsários franceses tentaram saquear algumas fazendas e a Vila, mas foram repelidos por militares e pelos moradores.
Duclerc não tinha desistido da Cidade do Rio de Janeiro e tentou uma nova investida por Copacabana e pela Barra da Tijuca, novamente sem sucesso. O comandante francês não desistia facilmente, e chegar de mãos vazias à França seria vergonhoso.
No dia 11 de setembro de 1710, os franceses chegaram a Guaratiba e foram recebidos a bala pelos poucos moradores que ali habitavam, os quais logo debandaram diante do número maior de franceses que chegaram naquele momento. Existe a suspeita de que o Convento do Carmo e a igreja de Nossa Senhora do Desterro (a famosa “Capelinha”), em Pedra de Guaratiba, tenham sido saqueados, pois ficavam próximos ao local de desembarque. As igrejas São Salvador do Mundo e Santo Antônio da Bica, em Guaratiba, também entram neste rol de desconfiança, pois estavam no trajeto que os franceses fizeram até chegar ao centro da cidade.
Por uma questão de lógica, a possibilidade de os franceses terem seguido pela Grota Funda como rota é a mais provável, pois seria e é o caminho mais rápido de Guaratiba ao centro da cidade do Rio de Janeiro. O principal fator que colabora com essa possibilidade foram os saques sofridos pelos Engenhos da Vargem, d'Água e do Camorim, que formavam uma rota quase em linha reta após a Grota Funda. Posteriormente, chegaram ao Engenho Novo e ao Engenho Velho dos padres jesuítas (próximo à Igreja São Francisco Xavier).
Da região do Engenho Velho para o Centro foi um pulo, chegando à região do Mangue, posteriormente à atual rua do Riachuelo, Morro do Descanso (atual Santa Teresa) e ao Morro do Castelo. Duclerc achou que, conquistando a casa do governador Francisco de Morais, conquistaria a cidade, pois esta era a casa do poder na cidade. No entanto, o comandante francês não contava com a reação dos soldados, da população local e dos estudantes do Colégio dos Jesuítas, que, com muita bravura, venceram os franceses e aprisionaram Duclerc.
Meses depois, Duclerc foi assassinado na cela prisional, em circunstâncias misteriosas. A morte do comandante dos corsários franceses foi um dos fatores da segunda invasão francesa no século XVIII (1711).
REFERÊNCIA
MANSUR, André Luís; MORAIS, Ronaldo. Invasão Francesa do Brasil. O corsário Duclerc ataca o Rio de Janeiro por Guaratiba. Rio de Janeiro: Edital, 2015.
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