Casa Museu Augusta Candiani
Casa Museu Augusta Candiani
Texto por Thamires Siqueira
Nascida em 1820 em Milão, Carllota Augusta Angiolina Candiani ou Augusta Candiani foi uma importante figura da ópera e do teatro no século XIX. A cantora lírica italiana veio para o Brasil em 1844 para estrelar peças no Teatro São Pedro de Alcântara (atual Teatro João Caetano) criado pela família real. Aqui fez sucesso e se apaixonou pelo país, onde viveu até sua morte, em 1890, no bairro de Santa Cruz, onde seu corpo foi sepultado.
Essa paixão foi representada em suas apresentações, saindo do clássico e trazendo novas inspirações populares, fruto dessa miscigenação, inspirando a criação de uma Ópera Nacional, com as tradicionais marchinhas presentes, e sendo até mesmo musa citada por Machado de Assis.
Envolveu-se em escândalos após a separação do marido italiano, Gioacchino Candiani Figlio, que lhe roubava e agredia, perdendo seus bens e a guarda de sua filha, porém resistiu contra aos preconceitos e machismos da época, e mesmo não sendo mais recebida nos grandes teatros, juntou-se com José de Almeida Cabral e passou a fazer parte de sua Companhia dramática, com a qual percorreu todo Brasil e até mesmo conseguiu se reinserir na Corte.
Sua casa, nas terras de Santa Cruz, foi recebida por doação, quando decidiu se retirar da vida artística por D. Pedro II e Dona Thereza Cristina, que eram padrinhos de sua primeira filha de mesmo nome, Theresa Christina Maria Candiani Figlio, e lá Augusta viveu com seu terceiro marido, Bartholomeu Magalhães.
Em Santa Cruz, moradores e instituições locais, como Sinvaldo Nascimento, idealizador da instituição, reuniram-se em prol da causa e sua história, e pediram que a prefeitura criasse o Museu Casa Augusta Candiani na rua Senador Camará, 215, o imóvel onde ela viveu seus últimos anos de vida, infelizmente caída no ostracismo, cega e pobre, mas que para os moradores desse território deixou sua marca de resistência, sendo o museu uma homenagem ao seu legado musical deixado para o bairro.
Nos tempos atuais, nessa casa que foi tombada como Patrimônio Histórico em 1993, durante anos funcionou uma loja de ferragens, porém atualmente se encontra desocupada, o que reforça o pedido para que a prefeitura compre o imóvel e o forneça para que funcione esse centro de memória, abrigando exposições, pesquisas e atividades voltadas para o teatro, música, arte e imigração italiana, uma homenagem à Augusta Candiani, e mais um museu para complementar a importância histórica e cultural do bairro de Santa Cruz.
Conheça mais:
Moradores de Santa Cruz pedem que a prefeitura crie a casa-museu Augusta Candiani
REFERÊNCIAS
ESTRELA da Ópera Italiana em Santa Cruz. Descubra Santa Cruz RJ, [s. d.]. Disponível em: https://descubrasantacruzrj.com.br/estrela-da-opera-italiana-em-santa-cruz/. Acesso em: 27 ago. 2023.
NOPH. Jornal O Quarteirão, Rio de Janeiro, Ed. set./out. - nov./dez. 2007.
PERES, Guilherme. Augusta Candiani e o bairro de Santa Cruz. Amigos do Patrimônio Cultural, [s. d.]. Disponível em: https://amigosdopatrimoniocultural.blogspot.com/2009/05/augusta-candiane-e-o-bairro-de-santa.html?m=1. Acesso em: 27 de agosto de 2023.
SANCHO, Anna Clara. Moradores de Santa Cruz pedem que a prefeitura crie a Casa-Museu Augusta Candiani. O Dia, 5 jun. 2023. Disponível em: https://odia.ig.com.br/rio-de-janeiro/2023/06/amp/6644740-moradores-de-santa-cruz-pedem-que-a-prefeitura-crie-a-casa-museu-augusta-candiani.html. Acesso em: 27 ago. 2023.
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