Odalice Priosti
Odalice Priosti
Texto por Victor Marques
A tipologia museal denominada ecomuseu, originada primeiramente na França, em meados da década de 70, na efervescência dos movimentos populares em diversas nações do mundo, conceituada pelos museólogos George Henri Rivière e Hugues de Varine. Na pauta, diversificadas atuações de instituições museológicas ao redor do mundo, que na década de 1980 vai influenciar o Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica de Santa Cruz. Dentre as personalidades que formaram a história do NOPH, está uma das maiores teóricas do trabalho da ecomuseologia: Odalice Miranda Priosti, professora e pesquisadora do campo das memórias e, em especial, no que tange sobre as histórias santa-cruzenses, bairro onde nasceu e atuou durante toda sua vida.
Contando com uma formação na Escola Normal Sarah Kubitschek (ENSK), no bairro de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, Priosti era licenciada em Letras, Português/Francês, pela Fundação Educacional Unificada Campograndense (FEUC), formando-se depois em Museologia pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), seguindo depois com o mestrado e doutorado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), terminando o último no início de 2000.
Trabalhando como professora da Rede Municipal de Educação do Rio de Janeiro, a pesquisadora passou mais de quarenta décadas no magistério, dando início em posterior a sua participação no NOPH, em meados da metade da década de 90, aliando sua experiência como educadora nas escolas da região à perspectiva sociocultural do Núcleo. Atuando como Coordenadora de Pesquisas, Estudos e Projetos durante a década de 2000 e parte da de 2010, a professora realizou vastos eventos artísticos, seminários, rodas de conversas e palestras nos espaços da sede do Ecomuseu voltados para o legado e uso da história local de Santa Cruz.
Membra do Movimento Internacional para uma nova Museologia (MINOM) e do International Council of Museums (ICOM), Priosti também foi uma das fundadoras da Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus comunitários (ABREMC), sendo sua primeira presidenta, no ano de 2004.
Ao longo de sua vasta trajetória, Odalice Priosti escreveu diversas obras, sendo uma delas o livro "Ecomuseu, Memória e Comunidade: Museologia da Libertação e piracema cultural no Ecomuseu de Santa Cruz", lançado em 2013 pela editora Camelo Comunicação.
Com a colaboração do articulador comunitário Walter Priosti, o livro apresenta perspectivas sobre o trabalho de preservação da memória, as relações culturais e políticas dos moradores do bairro, com ênfase no papel do Ecomuseu na construção de uma Museologia da Libertação.
O conceito de Museologia da Libertação, criado por Odalice Priosti, tem como referência as ideias do educador Paulo Freire e sua abordagem educacional conhecida como "Pedagogia da Libertação".
Nessa abordagem, Freire propôs uma cooperação recíproca entre o educador e os alunos, promovendo a troca de conhecimentos e a construção coletiva para a liberdade. Odalice Priosti, como pesquisadora, aplica esses princípios nos processos pedagógicos, visando a construção das identidades locais para libertar as energias vivas da comunidade.
Falecida no ano de 2017, Priosti foi representada em 2018 em um busto de bronze pelo artista Saul da Silva Pinheiro, referenciado por grupos da região como "Mestre Saul". O artefato integra o acervo que compõe o Centro de Documentação do NOPH.
REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. São Paulo: Paz e Terra, 1974.
PRIOSTI, Odalice. Santa Cruz: Raízes de um Ecomuseu. Rio de Janeiro: O.Miranda Priosti, 2015.
PRIOSTI, Walter; PRIOSTI, Odalice. Ecomuseu, Memória e Comunidade: Museologia da Libertação e piracema cultural no Ecomuseu de Santa Cruz. Rio de Janeiro: Camelo Comunicação, Ano: 2013.
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