Associação Feminina de Antares
Associação Feminina do Antares
Texto por Keila Gomes
A urbanização na Zona Rural teve início por volta dos anos 50, quando os efeitos resultantes da Segunda Guerra Mundial levaram à falência das fazendas de laranja. Isso resultou na formação de loteamentos e no surgimento de bairros periféricos. Essa transformação foi impulsionada pelas condições e preços dos loteamentos, seguida pelo desenvolvimento de habitações populares.
Na década de 60, Carlos Lacerda criou a Companhia Habitacional, COHAB-GB, (atual CEHAB-RJ), com o propósito de promover a urbanização em áreas rurais e erradicar as favelas. Inicialmente patrocinada pelo programa Aliança para o Progresso, a COHAB tinha como objetivo não apenas enfrentar as questões de habitação, mas também conter o avanço do socialismo na América do Sul durante a Guerra Fria.
Diversos conjuntos habitacionais, como Vila Paciência, Antares, Cesarão e Urucânia, surgiram como resultados de remoções, enchentes, desabamentos e a construção do metrô nas comunidades de áreas centrais. Alguns desses conjuntos foram criados através de programas de habitação popular, oferecendo preços e condições facilitadas para a aquisição da casa própria.
Devido ao abandono por parte das autoridades públicas e à significativa proporção de mulheres provenientes das remoções, muitas delas se uniram para resolver problemas como a falta de eletricidade, água e creches para as crianças cujas mães trabalhavam fora de casa. Assim, surgiu a Associação Feminina do Antares. Essa associação realizava reuniões na casa de Dona Joseti, uma das moradoras mais antigas do conjunto, e reunia cerca de 200 mulheres. O objetivo era discutir a negligência enfrentada pelo bairro, onde a iluminação frequentemente era provida por lamparinas. A principal reivindicação era a construção de uma Casa da Criança. Além disso, denunciavam a ineficiência do Centro Social Urbano (CSU), uma instituição administrada pela Fundação Leão XIII.
As mulheres também se queixavam da falta de serviços básicos, como farmácias, mercados e saneamento. O transbordamento do rio Cação Vermelho durante as épocas de chuva contribuía para a disseminação de doenças como hepatite e meningite na região.
A observação clara é que, diante da ineficácia das políticas públicas nas áreas afastadas, onde os conjuntos habitacionais foram criados sem infraestrutura adequada, a sociedade civil se mobilizou. Principalmente as mulheres se uniram, realizando mutirões de limpeza e fundando associações para enfrentar o abandono a que essas comunidades estavam sujeitas.
Conheça mais:
REFERÊNCIAS
ABANDONO da Prefeitura leva mulheres de Antares a criar uma Associação. Jornal Patropi, n. 659, 24 jun. 1988.
ARAÚJO, Marcella; CORTADO, Thomas Jacques. A Zona Oeste do Rio de Janeiro, fronteira dos estudos urbanos? Revista DILEMAS - Revista de Estudos de Conflito e Controle Social sobre a primeira publicação, v. 13, n. 1, 2000. Disponível em: https://revistas.ufrj.br/index.php/dilemas/article/view/29498/18091. Acesso em: 3 jul. 2023.
MANSUR. André Luís. O velho oeste carioca: a história da Zona Oeste do Rj de Deodoro a Sepetiba do século XVI ao XXI. Rio de janeiro: IbisLibris, 2008.
OLIVEIRA, Maria Amália Silva Alves de. ZONA OESTE DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO: ENTRE O RURAL E O URBANO. Acesso em: 13 de junho de 2023.
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