Newton da Costa
Newton da Costa
Texto por Victor Marques
Os anos 20 no Brasil foram marcados pelas tensões político-partidárias na Primeira República, perpassados pela política do Café com Leite, com o revisionamento da regência presidencial do país entre oligarquias paulistas e mineiras, sendo nesse fatídico período que nasceu o comerciante local e ativista comunitário Newton da Costa, em 1925.
Newton atravessou a década de 30 vivendo no bairro de Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro, na época capital brasileira e distrito federal do país, sendo o maior município e centro comercial do período, no qual os anos seguintes foram atravessados pelas expansões sociais urbanas nos recortes zonais cariocas.
O ativista local, em depoimento para o jornal O Quarteirão, de julho/agosto de 1994, relata que em 1943 conheceu Maria, moradora de Santa Cruz, e iniciou um namoro com ela, vindo todo domingo para o bairro da Zona Oeste carioca, na época, utilizando a condução do trem Mangaratiba. Três anos depois, casaram-se.
No ano de 1959, Newton colaborou na fundação do Clube Náutico Santa Cruz (atual Sepetiba), tornando-se o primeiro secretário da instituição, e atuando durante mais de dez anos nessa função, sendo no contexto do término da primeira e o início da segunda metade do século XX que atuaria como fundador da Associação Comercial, Industrial e Pastoril de Santa Cruz (AMISC), criada por grupos de comerciantes locais da classe média santa-cruzense.
Junto à Fábrica Continac o comerciante veio para o bairro de Santa Cruz no ano de 1972, fixando moradia no local. Cinco anos após a vitória do Brasil sobre a Itália na Copa do Mundo de 1970, com protagonismo dos jogadores Pelé, Jairzinho, Carlos Alberto Torres, dentre outros, contando com a consolidação do futebol brasileiro como a maior potência futebolística dentre as outras seleções mundiais. O ativista comunitário atuou na fundação do Lions Clube de Santa Cruz, como primeiro presidente da instituição, que veio a tornar-se uma das maiores no âmbito da prática desse esporte na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
No início dos anos 80, terminou seu ciclo como Presidente do Atlético Santa Cruz, atuando no período de dois anos. Em 1983 iria aproximar-se de um grupo que buscava pesquisar e divulgar camadas da história local do bairro, acompanhando a fundação do então nomeado Núcleo de Orientação Pesquisa Histórica, o NOPH, em 3 de agosto de 1983, do qual se tornou conselheiro fiscal, atuando na auditoria da contabilidade da instituição durante mais de uma década, com o ano de 1995 marcando seu início como o segundo Coordenador-Geral do NOPH.
Os projetos Santa Cruz Culturitiba e Santa Cruz Cultura Ativa marcaram a gestão do ativista na década de 90, participando também em 2004 da criação da Associação Brasileira de Museus Comunitários (ABREMC). Newton faleceu no ano seguinte, deixando um amplo legado para algumas das principais instituições culturais de Santa Cruz e para os comércios santa-cruzenses.
Conheça mais:
Fábrica da Continac | Facebook: Antigo Santa Cruz
Associação Brasileira de Ecomuseus e Museus Comunitários
REFERÊNCIAS
CANO, Wilson. Da década de 1920 à de 1930: transição rumo à crise e à industrialização no Brasil. Revista de Políticas Públicas, [S. l.], v. 16, n. 1, p. 79-90, 2013. Disponível em: http://periodicoseletronicos.ufma.br/index.php/rppublica/article/view/1179. Acesso em: 27 ago. 2023.
FIGUEIREDO, Jason. De 70 a 94: a volta ao clube. Uma história sobre a Copa do Mundo. Rio de Janeiro: Independente, 2022.
PRIOSTI, Walter. Newton da Costa: Comunitário de fibra, santacruzense de coração. O Quarteirão, Rio de Janeiro, mar./abr. 2009.
PRIOSTI, Odalice. Newton da Costa. O Quarteirão, Rio de Janeiro, jul./ago. 1997.
SOUZA, Sinvaldo. Ata de Fundação. In: Ata de Fundação - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica, 1, 1983, Rio de Janeiro. ATA [Ata de Fundação - Núcleo de Orientação e Pesquisa Histórica]. Rio de Janeiro: [s.n], 1983.
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