Princesa Isabel
Princesa Isabel
Texto por Thamires Siqueira
Nascida no Rio de Janeiro em 29 de julho de 1946, a Princesa Isabel, ou Isabel Cristina Leopoldina Augusta Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, segunda filha de D. Pedro II com Dona Teresa Cristina, tornou-se herdeira presuntiva do trono aos 11 meses de idade, sendo a melhor opção devido à morte do primogênito Afonso Pedro, e também de Pedro Afonso, o terceiro filho. Dessa forma, somente ela e Leopoldina havia como opção, fato que não agradou a todos e tornou a decisão impopular, por ser, Isabel, uma herdeira mulher. Porém, anos mais tarde, foi considerada uma das figuras femininas mais importantes da história do país.
Criada no Paço de São Cristóvão, dedicou-se a estudos diversos, tornando-se, posteriormente, uma figura marcante por sua inteligência e seu caráter administrativo, uma vez que, sendo herdeira do trono, era responsável por governar o país quando da ausência de seu pai Pedro II, fato que ocorreu em 3 ocasiões: em 1871 quando assinou, em Santa Cruz, a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos nascidos de mães escravizadas; em 1876 e 1877 quando lidou com os conflitos entre a maçonaria e o catolicismo; e em 1888 quando assinou a Lei Áurea, decretando a abolição da escravatura no Brasil.
Por esses decretos, foi considerada por muitos como uma humanista e adepta à causa abolicionista, ao realizar reuniões e sempre portar camélias, flores símbolos da causa. Porém os movimentos pela abolição já ocorriam pelo mundo todo, sendo o Brasil um dos últimos países a aderir após toda uma movimentação popular, tornando a assinatura algo inevitável, e não inovador, e que teria ocorrido independente de seu desejo. O seu diferencial foi que, ao contrário de seu pai, teve coragem para assinar e tomar uma decisão, mesmo que tardia. Com a assinatura, foi considerada a grande redentora dos escravos, fato que a trouxe mais inimizades dentro da elite.
Casou-se aos 18 anos com o francês Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans, o Conde d’Eu, e teve 4 filhos, Luísa Vitória, Pedro, Luís e Antônio. Com a proclamação da república em 1889 e a expulsão da família real, ela se exilou na França junto de seu marido. Sem nunca ter retornado ao Brasil, ela faleceu em 1921 aos 75 anos, e atualmente se encontra enterrada junto ao seu marido, em um mausoléu na Catedral de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Para o bairro de Santa Cruz, sua presença se faz muito importante ao ser homenageada em diversos pontos como avenidas, escolas e prédios, sendo um exemplo o Palacete Princesa Isabel, antiga sede administrativa do Matadouro, que recebeu o nome em sua homenagem e hoje muito dos moradores confundem acreditando que a princesa ali viveu, o que de fato nunca ocorreu. Na verdade, o atual Batalhão Villagran Cabrita, antiga sede da Fazenda Real e Imperial era onde onde ficava hospedada a Família Real quando visitava a localidade, sendo casa de veraneio e palco de muitos acontecimentos.
Atualmente, após o centenário da sua morte, Isabel se encontra em processo de canonização na Igreja pela sua relação e atos em prol da Igreja católica, processo que teve pausa e não avançou durante a pandemia, mas que também está gerando controvérsias para aprovação por historiadores que analisam que suas ações durante o período abolicionista não foram tão benevolentes assim.
REFERÊNCIAS
COORDENAÇÃO-GERAL DE ACESSO E DIFUSÃO DOCUMENTAL (COACE). Arquivo Nacional. Lei do Ventre Livre. Gov.br, set. 2017. Disponível em: https://www.gov.br/arquivonacional/pt-br/canais_atendimento/imprensa/copy_of_noticias/lei-do-ventre-livre. Acesso em: 28 set. 2023.
FRAZÃO, Dilva. Princesa Isabel. eBiografia, jul. 2021. Disponível em: https://www.ebiografia.com/princesa_isabel/. Acesso em: 28 set. 2023.
MACHADO, Sandra. Prestígio e vanguarda desde o império. MultiRio - Rio de Janeiro, maio 2013. Disponível em: https://multirio.rio.rj.gov.br/index.php/reportagens/489-prestigio-e-vanguarda-desde-o-imperio. Acesso em: 30 set. 2023.
PIMENTA, Paula. Cem anos da morte da Princesa Isabel, a regente que reinou além do machismo. El País Brasil [on-line], nov. 2021. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2021-11-14/cem-anos-da-morte-da-princesa-isabel-a-regente-que-reinou-alem-do-machismo.html. Acesso em: 28 set. 2023.
SILVA, Daniel Neves. Princesa Isabel. Brasil Escola, [20–?]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biografia/princesa-isabel.htm. Acesso em: 28 set. 2023.
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