Colégio Estadual Barão do Rio Branco
Colégio Estadual Barão do Rio Branco - Santa Cruz, RJ: Uma história de transformação e memórias afetivas
Texto por Guaraci Rosa
No início dos anos de 1940, a situação escolar em Santa Cruz era extremamente preocupante. Com uma população de 20 mil habitantes, existiam apenas seis escolas para atender os 1.241 alunos matriculados. A carência de professores era evidente, e muitos deles não residiam no bairro. Essa realidade era resultado de o local ser classificado como "Zona Rural", onde a prioridade recaía sobre o trabalho agrícola, e os investimentos na educação eram escassos, resultando em altos índices de analfabetismo.
Poucas pessoas tinham acesso ao Curso Científico (hoje conhecido como ensino médio) ou ao Ensino Normal (Formação de Professores), e o número de pessoas com formação superior era bastante limitado.
A situação era tão crítica que o político da Zona Rural, Coronel Honório Pimentel, apresentou projetos com o objetivo de incentivar professoras a lecionarem em Santa Cruz.
Foi nesse contexto, antes do término da Segunda Guerra Mundial, que o Ginásio Benjamin Constant foi inaugurado em 1945. Esse estabelecimento de ensino já nasceu como uma instituição importante, uma vez que, na época, apenas três ginásios existiam no Distrito Federal (atual cidade do Rio de Janeiro).
Em 1952, por meio de um decreto, o ginásio passou a ser denominado Colégio Municipal Barão do Rio Branco. Com a criação do Estado da Guanabara em 1960, o nome foi alterado para Colégio Estadual Barão do Rio Branco (CEBRB), designação que permaneceu após a fusão da Guanabara com o estado do Rio de Janeiro em 1975.
Inicialmente, o colégio contava apenas com duas turmas do ensino ginasial, e sua disciplina era conhecida por ser rigorosa. Somente em 1950 o ensino científico foi implementado.
O colégio dispunha nos anos de 1960 de um amplo refeitório que oferecia refeições de alta qualidade, conforme relatos da época. As aulas começavam às 8h e encerravam às 16h, e os estudantes que moravam distante contavam com o trem, cuja estação ficava ao lado. Além dos cursos regulares, havia também opções profissionalizantes, o que tornava a competição para ingressar no colégio bastante acirrada.
Vale ressaltar que a admissão no "Barão" exigia a aprovação em uma prova, e durante muitos anos diversos cursos no Rio de Janeiro ofereciam preparatórios específicos para esse fim. Esses exames de admissão perduraram até a década de 1980.
Os Intercolegiais, também conhecidos como "olimpíadas externas", eram um evento muito apreciado pelos jovens cariocas, e o CEBRB estava sempre presente nesses momentos. As equipes de futsal, vôlei, basquete, entre outras modalidades esportivas, eram motivo de alegria para os alunos, sem contar as "olimpíadas internas" que também animavam a todos.
Para aqueles que estudaram nas décadas de 70 e 80, não é difícil se recordar dos professores e professoras que marcaram essa época. Nomes como Marly Motta, Laplana, Pardal, Trombeta, as professoras de música, Paulo Márcio, Hélem, Nélson Cunha Mello, José Carlos e muitos outros certamente permanecem na memória afetiva de todos.
Com o passar dos anos, o colégio passou por transformações motivadas por questionáveis direcionamentos governamentais. Hoje, com mais de 70 anos de história, o Colégio Estadual Barão do Rio Branco é um venerável senhor que carrega consigo as lembranças afetuosas do passado, almejando continuar sua trajetória por muitos anos e permanecer vivo na memória de todos que o conheceram.
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