Colônia Japonesa
Colônia Japonesa em Santa Cruz
Texto por Guaraci Rosa
No ano de 1938, treze famílias nipônicas chegaram a Santa Cruz, vindas da cidade de Mogi das Cruzes, interior de São Paulo, contrariando a ideia comum de que partiram diretamente do Japão. A iniciativa de sua vinda partiu do Ministério da Agricultura do governo Vargas.
Entre os meses de maio e junho daquele mesmo ano, as seguintes famílias fizeram sua chegada: Toshima Ishihara, Kaoru Uehara, Nakajima, Tamura, Hashimoto, Miyata, Watanabe, Kitaro, Sunada, Tagashi, Hoshikawa, Torazo Tiba e Tozaka. Essas famílias buscavam novas terras para o cultivo de verduras, visando ao abastecimento da cidade do Rio de Janeiro.
Nos anos seguintes, em 1939 e 1940, mais famílias se juntaram a essa comunidade pioneira, incluindo nomes como Keitaro Sudo, Rikio, Sussumu, Tamaichi, Enosuke Togaki, Yamguchi, Tiomatsu Togaki, Watanabe, Oguro, Ishizu, Kusuhara, Takahashi, Suzuki, Oki, Matsugoro Hoshima Fukamachi e Goshi, totalizando cerca de 40 famílias na região.
O local destinado a essas famílias foi na Reta do Rio Grande. Os primeiros anos foram marcados por desafios consideráveis. Apesar das condições alagadiças da região, a água das nascentes não era própria para consumo. A solução encontrada foi a escavação de poços profundos, garantindo acesso à água potável. A comunidade também enfrentou a malária, com muitos de seus membros contraindo a doença. Além disso, as enchentes frequentes agravavam ainda mais as dificuldades.
O governo cedeu as terras, mas não ofereceu incentivos estatais para auxiliar nesse empreendimento. Diante desse cenário desafiador, as famílias demonstraram perseverança e transformaram a vasta área em uma próspera região agrícola.
Importante lembrar que os filhos dessas famílias nasciam em suas casas, refletindo a carência de recursos médicos adequados na época.
Entre os desafios, um aspecto positivo merece destaque: a decomposição dos vegetais ao longo do tempo resultou em um solo extremamente fértil. Com o passar dos anos, vários ciclos de cultivo foram estabelecidos, abrangendo culturas como tomate, batata-doce, quiabo, coco, aipim, banana, entre outras. A partir de 1950, a criação de galinhas passou a fazer parte da colônia, perdurando até 1967.
As plantações dessa comunidade supriam uma parcela significativa das necessidades da cidade, e o produto mais renomado era o "Tomate de Santa Cruz", que conquistou um lugar de destaque no mercado.
Esses imigrantes japoneses sempre se esforçaram para manter vínculos com suas raízes culturais. Em 1949, a primeira escola para o ensino da língua japonesa foi erguida. Além disso, o gateball, esporte popular entre os colonos, é um exemplo vivo dessa conexão cultural.
A união desses colonos é impressionante e notável. Desde sua chegada a Santa Cruz, eles formaram uma Associação para proteger seus interesses. Em 2018, essa Associação contava com 14 famílias associadas, equivalente ao número de famílias residentes em Santa Cruz.
REFERÊNCIAS
JORNAL O GLOBO. Rio de Janeiro, 22 out. 1988.
MUSEU DA IMIGRAÇÃO JAPONESA. A história da imigração japonesa. Disponível em: http://www.mhijrio.com.br/. Acesso em: 23 ago. 2023
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