Júlio Cesário de Melo
Júlio Cesário de Melo
Texto por Keila Gomes
Júlio Cesário de Melo foi médico sanitarista, vereador, deputado e senador eleito pelo Rio de Janeiro na época da primeira República. Era conhecido como rei do Triângulo Carioca, região que abrangia os bairros de Santa Cruz, Campo Grande e Guaratiba.
Órfão de pai, nasceu em Pernambuco, Nordeste do Brasil, em 1876 e sua mãe tinha o sonho de vê-lo como padre. Vem para o Rio de Janeiro em 1894 fazer faculdade de medicina e, enquanto estudava, trabalhou na farmácia da Santa Casa como farmacêutico. Podendo ser o primeiro médico do hospital quando se formou, preferiu trabalhar como médico sanitarista em Santa Cruz, onde assumiu o Matadouro público, convencido por Augusto Frederico Burle.
Em 1906, fica chefe do Matadouro público e, em 1915, constrói uma clínica para atender pacientes gratuitamente em Santa Cruz. Exerceu mandatos de intendente municipal na década de 1910 e, por dominar uma área tão grande e tendo o prestígio que um médico tinha dentro de uma área rural, filia-se ao partido libertador e concorre ao cargo de deputado pelo Rio de Janeiro em 1924 e 1930 pela Aliança Republicana, de Santa Cruz, onde alcança mais de 80% dos votos da região. Consegue chegar ao Senado em 1935, saindo em 1937 por causa do Estado Novo de Vargas.
Há relatos de que Júlio era uma pessoa filantrópica e que atendia seus pacientes sem cobrar nada por isso. Há também relatos de que ele utilizou seu cargo para se beneficiar na política, transformando a região em seu “curral eleitoral”, muito citado também o "Triângulo Carioca", região que abrange Campo Grande, Santa Cruz e Guaratiba, onde seu apadrinhado político, Otacílio Camará era protagonista, inclusive disputando terras com os demais políticos, como o senador Vasconcelos.
O político residente no Triângulo Carioca teve a consolidação política, social e econômica do território até 28 de dezembro de 1952, data do seu falecimento, evento esse que parou a Zona Rural e os habitantes da região com um velório de cerca de 15 mil pessoas em sua residência e cerca de 5 mil no seu enterro.
A casa onde residiu, ficou por muito tempo abandonada até servir de sede da ONG SerCidadão.
REFERÊNCIAS
CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (Org.). Domínios da História. 2. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
COSTA, Edite Moraes da. O comércio das carnes verdes e a transformação socioeconômica de Santa Cruz com a construção do Matadouro Industrial. In: Entre local e o global. Anais do XVII Encontro de História da Anpuh-Rio. De 8 a 11 de agosto de 2016. Instituto Multidisciplinar, UFRRJ: Campus Nova Iguaçu.
MANSUR, André Luis. O Velho Oeste carioca: História da ocupação da Zona Oeste do Rio de Janeiro (De Deodoro a Sepetiba) do século XVI aos dias atuais. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2008.
MANSUR, André Luis. O velho oeste carioca: Mais Histórias da Ocupação da Zona Oeste do Rio de Janeiro (de Deodoro a Sepetiba), do século XVI ao XXI. Vol. II. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2011.
MANSUR, André Luis. O velho oeste carioca: Outras histórias da ocupação da Zona Oeste do Rio de Janeiro (de Deodoro a Sepetiba), do século XVI ao XXI. Vol. III. 1. ed. Rio de Janeiro: Ibis Libris, 2016.
SANTOS, Wallace Alves dos. O rei do triângulo: liderança política de Júlio Cesário de Melo nos distritos de Campo Grande, Guaratiba e Santa Cruz na década de 1920. 2021. Dissertação (Mestrado em História Social) - Universidade do Estado do Rio de Janeiro - FFP, São Gonçalo, 2021.
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