Onild’ Aquino
Onild’ Aquino
Texto por Victor Marques
No decorrer da década de 1930, a expansão do Modernismo no Brasil mostrou-se como um dos desdobramentos culturais mais importantes na área artística dos anos que compuseram esse período. Nesse complexo cenário cultural nasceria a pintora e desenhista Onilda Gomes D'Aquino, em 1936.
Inspirados nas tendências europeias das primeiras duas décadas do século XX, os modernistas brasileiros incorporaram os elementos europeus em suas próprias expressões culturais, sendo o grande marco para o início desse processo a manifestação artístico-cultural da Semana de 1922, motor principal do Modernismo na década seguinte. No contexto da efervescência dos movimentos culturais que se tornavam cada vez mais abrangentes no final do dito Estado Novo, durante o regime do Presidente Getúlio Vargas, nos meados da década de 40, a artista iniciou sua trajetória artística, trazendo suas sensibilidades da juventude para as aquarelas cariocas.
Assinando como Onild' Aquino, a artista atravessou as mudanças que viriam nos anos 50, com a eclosão do Concretismo, movimento artístico focado no geometrismo e voltado à simplicidade como objeto de atuação, iniciado em 1952 na revista Noigandres, com o lançamento oficial na Exposição Nacional de Arte Concreta, em São Paulo, em 1956. Perpassando as intensas décadas de 60 e 70, Onild trabalhou com muitos de seus quadros representando múltiplos locais de grande importância histórica do estado do Rio de Janeiro, trazendo também patrimônios histórico-culturais fluminenses.
A pintora representou em suas telas o "Matadouro", em 1985, trazendo uma arte sobre o local que fazia a composição do antigo complexo do bairro de Santa Cruz. Nos meses seguintes, já em 1986, a artista lançou o quadro "Engenho F. de Veneza", com as nuances históricas do antigo ciclo de café em Conservatória no município de Valença. No mesmo ano, a desenhista trouxe o quadro "Manhã Tropical", representando o amanhecer no cotidiano dos trópicos cariocas, sob o uso de suas marcantes utilizações das cores.
No final da década de 80, Onild' expandiu sua obra nas nas representações visuais, dentre elas, trazendo a "Casa de Campo", com parte das visões lúdicas da autora em conjunto com a sua percepção sobre a Zona Rural carioca no início da redemocratização do país, com lançamento da obra no ano de 1989.
A obra "Relógio do Bairro da Glória," notável patrimônio histórico e cultural do Rio de Janeiro, foi concebida em 1992 como parte integrante da representação artística da cidade do Rio de Janeiro, cujo legado perdura na rica trajetória da artista.
Onild' ergueu uma sólida herança, que ressoa vigorosamente no cenário artístico contemporâneo do estado fluminense, consolidando-se como uma marcante força impulsionadora social nas representações visuais dos bens culturais cariocas.
Conheça mais:
Semana de Arte Moderna de 1922
REFERÊNCIAS
AQUINO, Onild., Casa de Campo. 1986. Pintura, óleo sobre tela, 38 x 55 cm.
AQUINO, Onild'. Engenho da F. Veneza. 1986. Pintura, óleo sobre tela, 32 cm x 40 cm.
AQUINO, Onild'. Matadouro. 1985. Pintura, óleo sobre tela.
AQUINO, Onild'. O Relógio. 1992. Pintura, óleo sobre tela, 81 cm x 60 cm.
MENDONÇA, Gilberto. Vanguarda Europeia e Modernismo Brasileiro. Rio de Janeiro: Vozes, 2009.
ORTIZ, Renato. Cultura Brasileira e Identidade Nacional. Rio de Janeiro: Brasiliense, 2001.
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