Manuel de Couto Reis
Manuel do Couto Reis
Texto por Thamires Siqueira
Nascido em Santos/SP, Manuel Martins do Couto Reis (☆ 1752 - † 1826) era um oficial do exército bastante respeitado, que ascendeu profissionalmente entre os séculos XVIII e XIX, tendo alcançado o posto de tenente-general em 1821. Foi eleito em 1822, no período da independência, como membro do conselho de procuradores das províncias, e, logo após, no ano seguinte, como deputado suplente na Assembleia Geral Constituinte e Legislativa do Império do Brasil, representando São Paulo.
Além de militar, foi reconhecido por suas habilidades em cartografia ao produzir mapas das regiões brasileiras em seus trabalhos publicados sobre os aspectos geográficos, econômicos, históricos, políticos e culturais das regiões. Foi também reconhecido por seu exímio talento como administrador e pelos importantes registros deixados sobre a Fazenda de Santa Cruz.
Couto Reis foi nomeado pelo conde de Resende como responsável pela administração da Real Fazenda de Santa Cruz entre os anos de 1793 a 1804. Através dos referenciais da antiga administração jesuítica, a nova administração buscava retomar os bons resultados dessas propriedades. Ele admirava os feitos inacianos por suas estratégias eficientes de gestão dos recursos, na utilização das condições do ambiente como os artifícios hídricos, geográficos, pecuários, arquitetônicos e de mão de obra, de maneira viável a produzir resultados notáveis, o que se perdeu após a expulsão jesuítica: as propriedades se encontravam em abandono e descaso por negligência dos novos administradores (Engemann, 2008; Arquivo do Museu do Ministério da Fazenda, 1773), precisando assim dessa retomada de ideais de acordo com Couto Reis.
Segundo Sofiatti (1997), Reis era um racionalista, pautado pela visão do antropocentrismo e pelo utilitarismo cartesiano. Buscava o uso dos recursos naturais e humanos de forma justa e sem desperdícios, em busca de um resultado maior. Isso se justificava nas suas estratégias perante os escravizados das propriedades, já que os distribuía de acordo com seus talentos e habilidades em suas funções. Igualmente, prezava manter os mais novos e sem rebeldia em suas propriedades, desfazendo-se dos outros através de vendas e trocas, em busca de maior rentabilidade (Reis, 1886). Porém, em relação aos indígenas, sua visão era outra e se mostrava preconceituosa ao indicar que não os via como pessoas civilizadas e úteis em outros aspectos.
Os conhecimentos e estratégias administrativas de Reis eram aplicados quase como uma estratégia militar, gerindo bem os recursos naturais e humanos, visando os melhores resultados, sempre. Evitavam-se, assim, desperdícios durante o processo, e este é o maior legado que ele nos deixou sobre os grandes feitos da Real Fazenda de Santa Cruz e como ela, sob sua gestão, alcançou bons resultados.
REFERÊNCIAS
ARQUIVO DO MUSEU DO MINISTÉRIO DA FAZENDA. 1773. Sem códice. Carta do Rei de Portugal para o marquês do Lavradio, em 04/03/1773.
BRASIL. Câmara dos Deputados. Arquivo Histórico da Câmara dos Deputados. Página sobre Manuel Martins do Couto Reis. Disponível em: https://arquivohistorico.camara.leg.br/index.php/dep-couto-reis-manuel-martins-do-couto-reis. Acesso em: 27 jul. 2023.
ENGEMANN, C. De laços e de nós. Rio de Janeiro: Apicuri, 2008.
ENGEMANN, Carlos; RODRIGUES, Cláudia; AMANTINO, Márcia. Os jesuítas e a Ilustração na administração de Manuel Martins do Couto Reis da Real Fazenda de Santa Cruz (Rio de Janeiro, 1793-1804). Revista História Unisinos, v. 13, n. 3, p. 243-252, set./dez. 2009. Disponível em: https://revistas.unisinos.br/index.php/historia/article/view/5096/2352. Acesso em:
REIS, M. M. do C. Manuscritos de Manoel Martins do Couto Reis, 1785. Arquivo Público do Rio de Janeiro, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1997.
REIS, M. M. do C. Memórias de Santa Cruz: seu estabelecimento e economia primitiva: seus sucessos mais notáveis, continuados do tempo da extinção dos denominados jesuítas, seus fundadores, até o ano de 1804. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, n. 14, 1886.
SOFIATTI, A. As andanças de um militar ilustrado pela capitania do Rio de Janeiro. In: REIS, M. M. do C. Manuscritos de Manoel Martins do Couto Reis, 1785. Rio de Janeiro, Arquivo Público do Rio de Janeiro, Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, 1997.
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