Ramal Mangaratiba
Ramal de Mangaratiba
Texto por Guaraci Rosa
A criação do Ramal de Mangaratiba, no início do século XX, promoveu uma notável transformação no panorama econômico, social e demográfico da região da Costa Verde. Essa concepção teve sua origem em 1878, inicialmente sendo planejada como o "Ramal de Angra".
Entre os anos de 1910 e 1914, as estações de Itaguaí, Itacuruçá e, por fim, Mangaratiba foram inauguradas, tornando-se as principais paradas ao longo do trajeto do ramal na Costa Verde. Embora o projeto original previsse a extensão da linha férrea até Angra, esse objetivo nunca foi alcançado.
Para Mangaratiba, a chegada do ramal foi extremamente benéfica, pois a cidade buscava se recuperar após enfrentar um longo período de crise econômica iniciada na segunda metade do século XIX e que persistiu até o século XX. Contudo, ao longo do último século, Mangaratiba passou por uma grande transformação, impulsionada pelo turismo, pesca, produção agrícola e transporte de minério. Infelizmente, durante esses anos, o poder público não desenvolveu um planejamento condizente com a importância de sua história, resultando em graves problemas de infraestrutura na cidade atualmente.
A memória afetiva de muitas pessoas se concentra nas viagens de trem. Porém, é importante ressaltar que, ao longo das décadas, os trens e vagões, abertos ou fechados, foram utilizados para transportar peixes, lenha, carvão e, principalmente, bananas. Carinhosamente apelidado de "macaquinho", o trem adquiriu esse nome devido ao transporte frequente de bananas pela população local.
Durante muitos anos, boa parte dos moradores de Santa Cruz utilizou esse ramal como principal meio de transporte na região da Costa Verde. No entanto, o ramal possuía apenas uma linha férrea e, até a década de 1930, os vagões eram puxados por máquinas. Posteriormente, surgiu o Automotriz, também conhecido como litorina, que não era mais puxado por máquinas, mas inicialmente era movido a álcool e, mais tarde, a diesel. Infelizmente, seu funcionamento ficou restrito a determinados fins de semana.
O descaso político-administrativo levou o ramal a um declínio estrutural que se agravou com o surgimento da estrada Rio-Santos em 1974. A pressão para priorizar o transporte de minério foi intensa, enquanto as empresas de ônibus também buscavam obter a predominância no transporte local.
Na década de 1980, o transporte de passageiros foi encerrado, e, nos anos 1990, o trem retornou temporariamente para operar apenas no percurso entre Santa Cruz e Itaguaí, mas sua operação foi breve.
Atualmente, parte do ramal é utilizada para o transporte de minérios com destino ao porto da Ilha Guaíba, em Mangaratiba.
A história do Ramal de Mangaratiba é marcada por momentos de prosperidade e declínio. Reconhecer a importância dessa região é fundamental; no entanto, é igualmente essencial reconhecer os desafios enfrentados ao longo dos anos. Um planejamento adequado e investimentos na infraestrutura podem abrir novas oportunidades para revitalizar esse importante patrimônio histórico, ao mesmo tempo em que promovem o desenvolvimento sustentável da região da Costa Verde.
Conheça mais:
História da Rodovia Rio-Santos: a antiga Estrada do Sol | Meu Rio de todos os tempos - Youtube
REFERÊNCIAS
ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DO BRASIL. Home, 2023. Disponível em: http://www.estacoesferroviarias.com.br/. Acesso em: 20 jul. 2023
RODRIGUEZ, Hélio Suêvo. A formação das estradas de ferro do Rio de Janeiro: o resgate da sua memória. Rio de Janeiro: Editora Memória do Trem, 2004.
0 comments
Sign in or create a free account