Saúde Pública: Epidemias
Saúde Pública: Epidemias
Texto por Keila Gomes
As epidemias assolaram a cidade do Rio de Janeiro, então capital federal, no início do século XX. As reformas urbanas não foram suficientes para alterar o cenário da cidade, que, naquela época, era extremamente insalubre, enfrentando doenças e a falta de saneamento básico. Esses desafios representavam obstáculos significativos para a construção de uma sociedade moderna e cosmopolita, à semelhança das capitais europeias.
Um exemplo emblemático é o incidente com o cruzador italiano Lombardia, que atracou na cidade em novembro de 1895. Grande parte da tripulação foi infectada pela febre amarela, resultando na morte do capitão-de-fragata Olivari e de outros marinheiros. Nesse contexto, o Rio de Janeiro ganhou a alcunha de "túmulo dos estrangeiros".
Após o surto de febre amarela, Rodrigues Alves indicou Oswaldo Cruz para liderar os esforços contra essa doença. Cruz adotou a teoria do médico cubano Carlos Finlay sobre a transmissão da febre amarela pelos mosquitos Stegomyia fasciata. Em abril de 1903, iniciou-se uma campanha de combate à doença, culminando na criação do Serviço de Profilaxia Específica da Febre Amarela.
Uma história curiosa envolve a peste bubônica, transmitida pela picada de pulgas presentes em ratos contaminados pela bactéria Yersinia pestis. A Diretoria Geral de Saúde Pública (DGSP) começou a comprar ratos, pagando duzentos réis por cada animal morto, o que deu origem à profissão de "ratoeiro". No entanto, a "guerra aos ratos" gerou piadas e críticas.
Apesar da diminuição da doença a partir de 1910, o início dos anos 1920 trouxe surtos de febre amarela e outras doenças nas regiões suburbanas devido à falta de saneamento e à distância das áreas centrais. Isso levou à criação do Hospital Pedro II, substituindo a escola mista da região. O hospital foi projetado para conter surtos de doenças relacionadas à falta de manutenção e drenagem dos rios.
Em 1926, o hospital desenvolveu um pavimento para lidar com surtos de varíola. Um artigo no jornal Correio da Manhã, datado de 25 de julho de 1926, relatava a preocupação de que o hospital, localizado próximo a uma escola e à estação de trem, poderia propagar a doença e causar mortes na região por conta de uma pretensa falta de cuidados.
Além do tratamento de pacientes com varíola, em Santa Cruz ocorria uma intensa campanha de vacinação. Tais medidas buscavam controlar e combater as doenças que assolavam o Rio de Janeiro na época.
REFERÊNCIAS
AS DOENÇAS do Rio de Janeiro no início do século XX e a Revolta da Vacina em 1904. Brasiliana Fotográfica, abr. 2020. Disponível em: https://brasilianafotografica.bn.gov.br/?p=19095. Acesso em: 24 de agosto de 2023.
CARVALHO, José Murilo de. Os Bestializados: o Rio de Janeiro e a República que não foi. São Paulo: Companhia das Letras, 1987.
VACINEM-SE. Correio da Manhã, Rio de Janeiro, 25 jul. 1926. Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=089842_03&pasta=ano%20192&pesq=%22%20hospital%20pedro%20II%20santa%20cruz%20%22&pagfis=26604. Acesso em: 24 ago. 2023
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