Grêmio Procópio Ferreira
Grêmio Procópio Ferreira
Texto por Guaraci Rosa
Este clube é uma preciosidade nos corações de muitos santa-cruzenses, especialmente para aqueles que desfrutaram de grandiosos eventos. Desde sua fundação, o clube sempre irradiou alegria e celebração. Batalhas de confete, peças teatrais, espetáculos de dança e animados bailes de carnaval formam as páginas do seu passado.
No entanto, a história do clube vai muito além das festividades. Inaugurado em 25 de novembro de 1934, o nome do grêmio é uma homenagem ao ilustre ator Procópio Ferreira, figura reconhecida como um dos maiores ícones do teatro brasileiro de todos os tempos.
Até os anos 1970, o palco do clube foi de uso frequente para peças teatrais. Foi ali que o ator André Villon despontou nos anos de 1930, interpretando sua primeira peça amadora. Durante anos, seu nome foi sinônimo de um grupo teatral dentro do clube.
O clube sempre esteve imerso em uma variedade de expressões culturais. Em celebração ao seu quarto aniversário, uma semana de artes eclodiu em novembro de 1938, oferecendo diversas manifestações artísticas. Peças teatrais cativaram o público, com a coordenação do escritor e dramaturgo Joracy Camargo, que na década de 1960 se tornou membro da Academia Brasileira de Letras.
A segunda metade dos anos 1940 viu o clube compartilhar notícias sobre artes cênicas em seu próprio jornal, O Cenário. Mais tarde, revistas detalhavam a programação do clube, esportes e cultura.
O Grêmio também tinha um aspecto esportivo vibrante, com campeonatos de basquete, futebol de salão e outras modalidades, sempre envolvendo a comunidade do bairro.
As décadas de 1950 e 1960 marcaram a consolidação do clube. Peças teatrais eram constantes, bailes de carnaval mantinham a alegria viva e o esporte se tornou uma parte importante da associação. Nesse período, a reputação ultrapassou as divisas do bairro, tornando-se reconhecido em toda a cidade. Ainda nos anos 1960, uma dissidência deu origem ao Clube Campestre Santa Cruz.
Vale ressaltar a significativa participação do clube nas comemorações do IV centenário da cidade em 1965, onde se envolveu de maneira ativa e entusiástica. Durante esse ano memorável, uma série de eventos culturais foi cuidadosamente planejada e executada. O ano de 1967 também se destacou na trajetória do grêmio, uma vez que marcou o IV centenário do bairro de Santa Cruz, sendo igualmente marcado por animadas celebrações e atividades festivas.
Na década de 1970, as peças teatrais diminuíram, mas os shows e bailes continuaram a ter um sucesso arrebatador.
O final dos anos 1970 e a década de 1980 marcaram uma mudança na composição dos sócios. O clube, tradicionalmente frequentado pela classe média desde sua fundação, recebeu críticas de elitismo e racismo. Com critérios revisados, o Grêmio se tornou mais inclusivo, visando aumentar sua receita.
Os anos 1980 testemunharam a ascensão das equipes de som, como a Delirium e a Furacão 2000, animando os domingos com o cenário dourado do rock nacional. Bandas e artistas como Kid Abelha, Paralamas do Sucesso, Legião Urbana, Zizi Possi, Lulu Santos e Cazuza brilharam no clube. Nesse momento, o funk internacional também se destacava, dividindo espaço com o rock. Na quadra era o baile funk, no salão somente rock.
Essa década foi o auge das famosas “passarinhadas”. Diversas pessoas se reuniam no clube para mostrar seus passarinhos, fazer torneios de canto e comercializar as aves.
A década de 1990 trouxe a febre da lambada, preenchendo o Grêmio com a energia contagiante desse ritmo. No entanto, essa moda efêmera cedeu lugar aos bailes de pagode nos sábados, que dominaram boa parte da década.
Contudo, a década não foi isenta de desafios. O clube enfrentou uma série de dificuldades que culminaram em sua falência. Afogado em dívidas, o Grêmio foi a leilão e hoje suas instalações abrigam uma academia de ginástica.
O Clube construiu uma história que permanece entrelaçada à memória do bairro. Falar sobre Santa Cruz no século XX é impossível sem mencionar o Grêmio Procópio Ferreira e sua influência na construção da cultura local.
Conheça mais:
REFERÊNCIAS
JORNAL DO BRASIL, Rio de Janeiro, 10 mar. 1959.
SOUZA, Antônio Nascimento. Memória e história política de Santa Cruz: Vista através dos pequenos jornais de bairro. Rio de Janeiro: Instituto Municipal de Arte e Cultura – RIO ARTE, 2005.
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