Debret e a Missão Francesa
Debret e a Missão Francesa
Texto por Keila Gomes
Jean Baptiste Debret, nascido no ano de 1768 em Paris, foi um jovem aprendiz do famoso pintor jacobinista, Jacques-Louis David, que o levou a Roma para aprender técnicas de estilo neoclássico. Casa-se com a sobrinha de David e ganha alguns prêmios na capital da Itália.
Devido às turbulências políticas de que participou ativamente, pausou suas atividades artísticas, chegando a assistir à execução de Luís XVI no local que se tornará conhecido como Place de la Concorde.
Mesmo estando participativo nos ideais jacobinos dos anos de 1793 e 1794, o jovem Debret escapa do recrutamento para lutar contra as forças a favor da monarquia e ingressa na Escola Central de Obras Públicas em 1794 e aprimora sua formação científica nesta instituição, na qual mais tarde trabalhou como instrutor de desenho.
Anos depois de trabalho no ateliê de seu mestre, ficou sem emprego devido ao exílio de David em 1815, no período da restauração francesa pós-Napoleão Bonaparte e a pedido da corte portuguesa veio ao Brasil como um dos artistas na denominada “missão francesa”, a convite do príncipe regente, D. João. O príncipe português, mesmo exilado em sua própria colônia, mostrou sua legitimidade ao mundo. Jean-Baptiste Debret tornou-se rapidamente o artista oficial da Corte e permaneceu no Brasil até a abdicação de Dom Pedro I, em 1831.
Sua vivência em terras tropicais influenciou decisivamente seu estilo de pintura, que inicialmente era voltada para os nobres, com pinturas bíblicas no estilo neoclássico. Retratou fatos importantes da Corte Portuguesa na colônia e símbolos que constituíram a nova entidade política. Contudo, fora da atividade oficial, pintou cenas cotidianas que ocorriam nas ruas do Rio de Janeiro, atividade quase secreta, sem nenhuma publicidade, que aparece como um exercício de contraponto. E essa faceta só será vista quando Debret volta para a França e publica em Paris, entre 1834 e 1839, os três volumes de sua Viagem pitoresca e histórica ao Brasil.
A imagem abaixo revela o Palácio (Fazenda) Imperial de Santa Cruz, outrora um convento jesuíta. Datando provavelmente da década de 1820, esta aquarela de Debret oferece um vislumbre dos aspectos do prédio naquela época, incluindo todas as construções ao redor, como a igreja, armazéns, hospedaria, entre outros. Deve-se notar que o edifício, à época, consistia em dois andares, mas atualmente conta com três, resultado da construção de um outro já no período republicano.
Conheça mais:
Livro de Debret sobre viagem ao Brasil | Youtube: TV Senado
REFERÊNCIAS
DEBRET, Jean-Baptiste. Jean-Baptiste Debret, de um império a outro. Disponível em: https://bndigital.bn.br/francebr/debret.htm. Acesso em: 18 jul. 2023.
FREITAS, Benedicto. Santa Cruz: Fazenda Jesuítica, Real, Imperial. Volume III. Edições do Autor. Rio de Janeiro, 1987.
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