Chegada da família real a Santa Cruz
Chegada da família real a Santa Cruz
Texto por Thamires Siqueira
Mesmo com uma mudança conturbada para o Brasil, após a invasão das tropas francesas por Napoleão Bonaparte às terras portuguesas, a chegada da família real a Santa Cruz, no ano de 1808, tornou-se um marco na história do bairro e do Rio de Janeiro, trazendo para o território enorme influência política, econômica e cultural.
Para recebê-la, a região passou por diversas adaptações em sua infraestrutura, o que nos trouxe muitos benefícios e prestígio, como as construções imponentes, monumentos, palacetes e solares presentes no bairro até hoje, formando nosso patrimônio histórico. Além do fato de que essa presença foi responsável, anos depois, pelo início do processo de industrialização do Rio de Janeiro.
Após a expulsão dos jesuítas dos domínios portugueses, todos seus bens se tornaram pertencentes à Coroa portuguesa, como por exemplo o prédio sede da Fazenda de Santa Cruz, o antigo convento, que se transformou no Palácio Real de Santa Cruz, uma sede provisória da Corte e casa de veraneio da família real e Imperial no Brasil.
Sua chegada também atraiu a presença de povos imigrantes, como como os italianos, árabes, japoneses e chineses, criando assim a mistura de raças e culturas que formam a população de Santa Cruz.
Entre as figuras importantes presentes nesta vinda, encontravam-se muitos artistas, como Debret e Thomas Ender, que foram inspirados pela paisagem rural de Santa Cruz em suas representações, tornando-se um dos bairros cariocas que mais tiveram suas paisagens retratadas.
Santa Cruz também foi palco de muitos outros eventos importantes, como os citados abaixo:
Durante o Reinado, no palácio se realizavam audiências públicas, recepções, bailes e saraus, reunindo-se grandes nomes da época. Foi inclusive o local de marcos importantes, como, por exemplo: onde cresceram e foram educados os príncipes D. Pedro e D. Miguel; onde D. Pedro I passou sua lua de mel com a imperatriz Leopoldina; onde, anos depois, D. Pedro I se reuniu com José Bonifácio antes de decidir declarar a independência do Brasil, em 1822; onde foi instalada, em 1842, a primeira linha telefônica da América do Sul - um exemplar recebido de Alexander Graham Bell e que está exposto atualmente no Museu Imperial de Petrópolis -, para que pudessem se comunicar com o paço de São Cristóvão, e onde se inaugurou, no mesmo ano, a primeira agência dos Correios do Brasil; e onde a Princesa Isabel assinou, em 1871, a Lei do Ventre Livre. Acontecimentos esses que reafirmam o papel da Fazenda Real de Santa Cruz como cenário de inovação. Atualmente o prédio pertence ao exército, sendo onde funciona o Batalhão Villagran Cabrita (Siqueira, 2021).
Conheça mais:
REFERÊNCIAS
ENGEMANN, Carlos. Santa Cruz: de legado dos jesuítas à pérola da Coroa. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2013.
FREITAS, Benedicto. Santa Cruz: fazenda jesuítica, real, imperial. Rio de Janeiro: Folha Carioca, 1985.
SIQUEIRA, Thamires de Assis Alves. Cultura para quem? Reflexões sobre políticas públicas e direitos culturais na Zona Oeste carioca. 2021. Trabalho de Conclusão de Curso (Bacharelado em Museologia) - Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2021.
0 comments
Sign in or create a free account