Programa "Minha Casa, Minha Vida"
A transformação dos condomínios em Santa Cruz – Programa “Minha Casa Minha Vida”
Texto por Guaraci Rosa
A mudança do cenário geográfico no bairro de Santa Cruz desdobrou-se a partir de 1967, quando surgiu o conjunto habitacional "provisório", Vila Paciência. A década de 1970 presenciou o surgimento do conjunto Antares, seguido pelo Maestro Olímpio dos Santos (“Urucânia”), Otacílio Camará (“Cesarão”), João XXIII, Liberdade e outros, solidificando a evolução da região.
Nos anos 1980, a verticalização começava a se insinuar pelas ruas e avenidas, com condomínios de edifícios de destaque como Morada Santa Cruz e Parque Residencial Santa Cruz, na rua Felipe Cardoso. Era o prenúncio da transformação rumo a uma verticalização mais intensa. A década de 1990 testemunhou um certo estagnamento nesse processo, mas a virada do milênio trouxe consigo uma aceleração, catalisada pelo surgimento do Programa Minha Casa Minha Vida (PMCMV), no governo do Presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva.
A extinção do Banco Nacional de Habitação (BNH), em 1986, que outrora financiava habitações para famílias de baixa renda, deu lugar ao surgimento do Sistema Financeiro de Habitação (SFH), em 1997. No entanto, foi a chegada do PMCMV (“Minha Casa Minha Vida”) que, de fato, alavancou a concessão de financiamentos para as classes mais pobres, proporcionando, desta vez, conjuntos habitacionais dotados de uma infraestrutura melhor.
No contexto de Santa Cruz, esse programa inaugurou a oportunidade para a parcela menos favorecida de a população adentrar ao mercado formal com residências em condomínios fechados, frequentemente acompanhados por áreas de lazer. À medida que os anos 2000 avançavam, o mercado imobiliário, a despeito dos questionamentos sobre a distância ao centro, focava sua atenção em Santa Cruz. E com razão. A região é repleta de espaços vazios.
A partir de 2005, vários condomínios surgem, principalmente ao longo da estrada Guilherme Decaminada. Embora a infraestrutura ainda apresentasse suas deficiências, o bairro estava superando, em muito, a situação vivenciada nos anos de 1960 e 1970.
Naturalmente, interesses financeiros e os lucros das empresas do ramo imobiliário estavam em jogo. Entretanto, em paralelo, surgiu uma nova leva de oportunidades de emprego para a população local, preenchendo lacunas ocupadas pelo enorme desemprego histórico da região.
O cenário mantém-se em contínua mudança, e a crescente proliferação de condomínios continua a promover uma revolução silenciosa em Santa Cruz. Áreas que um dia foram predominantemente rurais encontram-se agora transformadas pela presença das construções verticais residenciais.
REFERÊNCIA
SILVA, V. R. J.; RIBEIRO, M. A. A produção imobiliária do PMCMV no bairro de Santa Cruz – Rio de Janeiro/RJ: Análises e contextos no período de 2005 e 2010. In.: MAIA, D. S.; MARAFON, G. J. (eds.). O programa Minha Casa Minha Vida: habitação e produção do espaço urbano em diferentes escalas e perspectivas [on-line]. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2020.
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