Chegada dos Portugueses ao Brasil
Resumo
Chegada dos portugueses ao que, tempos depois, veio a se chamar Brasil.
Sugestão para o Professor
Para uma visão crítica sobre a chegada dos portugueses ao Brasil, ver Guerras do Brasil.DOC - Ep. 1: As guerras da conquista (TV Brasil, 2020, 26'), disponível em https://www.youtube.com/watch?v=1C7eQBl6_pk OU https://www.netflix.com/watch/81091387?source=35
Nesse documentário, o processo colonizador é abordado a partir do ponto de vista do indígena, mais precisamente o do filósofo Ailton Krenak. São abordados também a ideia de ""invenção"" do Brasil, a guerra biológica contra os nativos, a luta pela demarcação de terras indígenas desde a Constituinte de 1986, entre outros temas atuais."
Sobre as controvérsias em relação à origem do nome "Brasil", ver https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1997/4/28/turismo/18.html
Fonte primária
Ver a visão dos portugueses a respeito desse "encontro" ou "choque cultural" na Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel, que, ademais, descreve hábitos indígenas, as impressões dos aventureiros sobre a natureza atlântica etc. Acessar: http://objdigital.bn.br/Acervo_Digital/Livros_eletronicos/carta.pdf
Detalhamento da linha do tempo do estudante
“Descobrir” é verbo de mão única: ele só faz sentido para quem ignora a existência de algo que, no entanto, existe para outros seres e pessoas. Em 1500 não se descobriu o Brasil. Em primeiro lugar, porque o que hoje chamamos de Brasil sequer existia, já que esse país é o resultado de uma construção histórica e social multissecular, cujo ponto alto se deu no século XIX, após o processo de independência. Aliás, é curioso pensar que, embora os portugueses tenham batizado as terras avistadas no final do século XV com o nome religioso de "Terra de Santa Cruz", a designação que realmente "pegou" tenha derivado da prática econômica predatória de extração do pau-brasil (Paubrasilia echinata), uma árvore endêmica da Mata Atlântica brasileira, hoje seriamente ameaçada de extinção após mais de três séculos de corte sistemático e inconsequente. Em segundo lugar, as terras supostamente "descobertas" pelos portugueses já eram povoadas há milênios por diferentes grupos indígenas. Estima-se que, em 1500, havia cerca de 3 a 5 milhões de indígenas, de mil povos diferentes, vivendo nessas terras. Nesse sentido, é mais apropriado pensar neste momento histórico como o encontro (ou desencontro) entre diferentes povos e culturas - encontro este que, ora ocorreu de maneira relativamente pacífica, ora de maneira muito violenta - tanto do ponto de vista físico, quanto do ponto de vista simbólico e mesmo imunológico. Segundo Scarano (2014, p. 136), "os cem primeiros anos de contato com os colonizadores europeus implicaram em uma redução de 90% dessa população causada por batalhas e, principalmente, por suscetibilidade a doenças epidêmicas. Tamoios, temiminós, tupiniquins, tupinambás, caetés, tabajaras, potiguares, pataxós e guaranis eram alguns dos povos que habitavam o litoral em 1500, e muitos deles foram extintos". Para Warren Dean (1996, p. 79–80), o impacto devastador causado pelas doenças europeias sobre as populações nativas do continente americano ajuda a explicar a “eficiência” da colonização: as epidemias trazidas pelos portugueses são "a chave para se compreender o curso do imperialismo europeu no Novo Mundo. Nas outras regiões tropicais do planeta, que haviam sido todas ligadas pelo comércio e conquista desde o surgimento da agricultura e das cidades, a abordagem marítima dos europeus não produziu esse resultado. Por dois séculos e meio, os invasores não controlavam nenhum território nas costas asiáticas e africanas além daquele garantido pelo alcance do tiro de canhão. Uma vez que a resistência asiática e africana às doenças era ainda mais completa que a dos saqueadores europeus, estes últimos não tiveram qualquer chance de repovoar a paisagem como lhes aprazia, com um sortimento humano exótico de colonos e cativos e raças domesticadas de animais".
Curiosidade
Pau-brasil em tupiguarani é ibirapitanga - ybirá, árvore, madeira; pytãŋa, vermelho. Já a origem etimológica da palavra "Brasil" é brasa, o que remete à cor vermelha de sua resina, enquanto que "brasileiro" era usado originalmente para designar aquele que extraía ou comercializava o pau-brasil. No entanto, há controvérsias: há fontes que afirmam que a origem da palavra "Brasil" vem da mitologia celta, que, no século XIV, afirmava a existência de uma "Ilha da Felicidade" ou "Terra Prometida" (do celta, "Ho Brasile"). Cabe pensar: "prometida" para quem?
Referências
AGOSTINI et al. Ciclo Econômico do Pau-Brasil. Páginas do Inst. Biol., São Paulo, v.9, n.1, p.15-30, jan./jun., 2013. Disponível em http://www.biologico.sp.gov.br/uploads/docs/pag/V9_1/3d6ac183-a0cc-4373-aa46-94796b250600.pdf.
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
SCARANO, Fabio Rubio. Mata Atlântica: uma história do futuro. Rio de Janeiro: Edições de Janeiro, Conservação Internacional, 2014.
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Conquista e colonização da América Portuguesa – o Brasil colônia (1500-1750). In: EventoRES, Maria Yedda. História geral do Brasil. 10. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2016.
Conexão
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