Chegada de africanos escravizados
Resumo
Início da introdução de africanos escravizados na Mata Atlântica, especialmente para servirem como mão de obra nas lavouras de cana-de-açúcar do nordeste (Dean, 1996, p. 99).
Detalhamento
Os livros didáticos costumam tratar a introdução forçada da mão de obra africana na América portuguesa a partir da necessidade colonial de substituir o trabalho indígena - fosse porque os homens africanos estariam supostamente mais habituados à lida no campo; porque o risco de fuga dos engenhos seria presumivelmente menor, já que os africanos, desterrados, “não teriam para onde ir”; ou porque os lucros envolvidos no tráfico negreiro eram altamente vantajosos.
Essa perspectiva costuma enfatizar, por um lado, a esmagadora violência física e psicológica da escravização negra e, por outro lado, a destruição da Mata Atlântica causada pelo sistema escravista. Assim, sobra pouco ou nenhum espaço para as contribuições intelectuais e culturais dos africanos na transformação da paisagem atlântica. Os africanos escravizados na Bahia, por exemplo, desenvolveram diversos plantios de subsistência, a exemplo das hortaliças e das roças de mandioca, cultivadas entre as monoculturas de tabaco e cana-de-açúcar, para exportação. Com isso, eles resistiam ao sistema escravista, produzindo alimentos para sua melhor nutrição e soberania alimentar. Assim, esses africanos contribuíram para a introdução na Bahia de plantas nativas da África, tais como o dendezeiro e o inhame, transformando, assim, a paisagem do Recôncavo baiano.
Curiosidade
Aproximadamente, 15 mil habitantes estavam vivendo na Mata Atlântica brasileira nesse momento (Castro, 2003).
Referências
CASTRO, Leonardo Costa de. Da biogeografia à biodiversidade: políticas e representações da Mata Atlântica. Tese de Doutorado em Antropologia Social, 202 p. UFRJ/Museu Nacional, 2003.
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
WATKINS, Case; VOEKS, Robert. A Mata Transatlântica: afrodescendentes e transformação socioecológica no litoral da Bahia. In: CABRAL, Diogo de Carvalho; BUSTAMANTE, Ana Goulart (Orgs.). Metamorfoses florestais: culturas, ecologias e as transformações históricas da Mata Atlântica. Curitiba: Editora Prismas, 2016.
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