Projeto de criação de Hortos Florestais ao longo das ferrovias
Resumo
A Companhia Paulista de Estradas de Ferro contratou o engenheiro agrônomo Edmundo Navarro de Andrade para desenvolver o projeto de criação de Hortos Florestais ao longo das ferrovias.
Sugestão para o professor
O professor pode provocar nos alunos a percepção da grande diferença (visual e estrutural) entre uma floresta homogênea (de eucalipto, por exemplo) e uma floresta heterogênea (de Mata Atlântica nativa, por exemplo), utilizando imagens extraídas da internet (a pesquisar). Trata-se de um debate antigo no Brasil, sobre a melhor estratégia de recomposição das áreas florestais perdidas (desmatadas) e de proteção das áreas remanescentes. Em uma obra de 1912, por exemplo, Navarro de Andrade descrevia a floresta nativa do noroeste paulista como "feia, baixa, desigual e insalubre", defendendo que ela fosse substituída por florestas homogêneas de eucaliptos. A respeito desse debate nos dias atuais, baseado em estudos científicos, assistir Eucalipto: o queridinho do reflorestamento (METEORO EXP, 2022, 16' 24") , disponível em https://www.youtube.com/watch?v=wkKsDkK3VGU
Detalhamento da linha do tempo do estudante
Navarro de Andrade pesquisou qual espécie florestal melhor atenderia ao reflorestamento das áreas desmatadas, tanto para a construção da ferrovia como para o fornecimento de madeira e carvão necessários a sua manutenção. Nesse intuito, foram criados 18 hortos e plantadas 95 espécies florestais diferentes, até ser escolhido o eucalipto - uma árvore nativa da Austrália. Em 1909, a Companhia Paulista de Estradas de Ferro seguiu as recomendações de Navarro e plantou eucalipto extensivamente nas terras adquiridas pela empresa na cidade de Rio Claro, SP. No entanto, as ferrovias queimavam muito mais lenha do que a quantidade de árvores que a empresa dava conta de plantar: na primeira metade do século XX, a companhia havia plantado cerca de 24 mil hectares com eucaliptos, mas essas reservas eram suficientes para suprir apenas 1/5 de sua demanda (DEAN, 1996, p. 269-270). Nas décadas seguintes, o eucalipto continuou sendo plantado em larga escala - primeiro para atender à demanda ferroviária por madeira e, mais tarde, para atender à indústria de papel e celulose. De 1909 até 1966, quando foi sancionada uma lei federal de incentivos fiscais para o reflorestamento homogêneo, foram plantadas 144 espécies de eucalipto em cerca de 400.000 hectares, só no estado de São Paulo. Essa prática se espalhou pelo sudeste do Brasil, intensificando-se, principalmente, no norte do Espírito Santo e sul da Bahia, a partir da chegada da Aracruz Florestal na região, em 1967.
Figura 62 - Floresta de Mata Atlântica Nativa
Figura 63 - Plantação de Eucalipto ao fundo.
Referências
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
GONÇALVES, Alyne dos Santos. A "caixa-preta"da eucaliptocultura: controvérsias científicas, disputas políticas e projetos de sociedade. Projeto História, São Paulo, v. 65, pp. 380-415, Mai.-Ago., 2019. Disponível em https://revistas.pucsp.br/index.php/revph/article/view/42309
Conexão
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