Declínio do Ciclo do Ouro
Resumo
Período de decadência do "ciclo" do ouro, com esgotamento das minas e aluviões, grande desmatamento de florestas interioranas (matas ciliares ou de galeria) e destruição de corpos d'água.
Sugestão de leitura
Geopizza - O Ciclo do Ouro e a Formação do Brasil – Disponível em:
https://open.spotify.com/episode/7xT7BcbO8dtZE64Ij1wYbp?si=mDilvDmnTu-W-UeUK2yfgg&nd=1
Detalhamento da linha do tempo do estudante
Impactos da exploração do ouro na Mata Atlântica
A exploração do ouro no território brasileiro causou grande fervor econômico e social, marcado por enorme geração de riqueza (para a metrópole, é claro), intensificação da escravidão e, como não poderia deixar de ser, grande impacto ambiental (para a colônia, é claro). Só no século XVIII, cerca de 1 milhão de quilos de ouro foram registrados e, possivelmente, outro milhão tenha driblado o fisco real. Durante a corrida do ouro, houve grande migração de pessoas e recursos para as áreas auríferas, sobretudo para o sertão, ao longo da fronteira com a Mata Atlântica.
Historicamente, o ouro era extraído a partir de três técnicas distintas: 1) busca e catação direta nos leitos dos rios, geralmente utilizando bateias; 2) lavagem de terrenos, formando uma mistura de areia e lama que facilitava o encontro e coleta do ouro; e 3) extração em galerias subterrâneas em locais propensos. Dentre os principais impactos ambientais causados pela corrida do ouro, destacaram-se: desmatamentos através de queimadas, grandes áreas de terras revolvidas e assoreamento e contaminação de rios. Segundo Warren Dean comenta em seu livro “A Ferro e Fogo”, a exploração do ouro no século XVIII teria sido responsável pela revirada de 4.000 km2 de Mata Atlântica.
Não se pode deixar de levar em conta também todo o impacto indireto causado pelo chamado "ciclo do ouro" na Mata Atlântica. Quanto mais as regiões auríferas entravam nos holofotes econômicos, iam sendo rapidamente povoadas e, consequentemente, menos florestas restavam. Árvores eram cortadas para construção de novos povoados e abastecimento de lenha. Matas eram derrubadas para criação de estradas ou plantações de roças para suprir novos acessos e alimentos à população.
Dentre as áreas mais exploradas durante esse processo, destaca-se a região do Quadrilátero Ferrífero, no interior do estado de Minas Gerais. Passados mais de dois séculos, a prática da mineração ainda segue viva por lá. Atualmente, o Quadrilátero Ferrífero ainda representa uma das principais jazidas de minério de ferro do país. Infelizmente, é uma grande ilusão achar que todo desenvolvimento tecnológico das últimas décadas em relação às estratégias de exploração foi também acompanhado de avanços em relação à redução dos impactos ambientais. Apesar de toda relevância econômica que representam para o país, é inegável que as grandes mineradoras ainda são responsáveis por elevada degradação do meio ambiente. Além de todos os impactos rotineiros e intrínsecos à atividade, é impossível fechar os olhos para as lamentáveis e irreparáveis tragédias recentes ocorridas em Mariana (com consequência ao longo de toda bacia do Rio Doce) e Brumadinho.
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