Aumento expressivo de imigrantes europeus
Resumo
Desenvolvimento de política imperial de imigração europeia massiva, em substituição ao trabalho escravo, mantendo as práticas de devastação da Mata Atlântica.
Sugestão para o professor
Baseado em uma revisão bibliográfica, o texto indicado tratará sobre os processos de branqueamento, racismo estrutural e tensões na formação social brasileira. Título:
Processos de branqueamento, racismo estrutural e tensões na formação social brasileira. Disponível em: https://revista.fct.unesp.br/index.php/geografiaematos/article/view/7725
Detalhamento da linha do tempo do estudante
Nas últimas décadas do século XIX, a província de São Paulo e o governo imperial decidiram investir pesado na atração de imigrantes da Europa para o Brasil, a fim de substituir a mão de obra escravizada. Em consequência dessa política, os números de entradas de europeus, principalmente de italianos, saltaram dos 177.000 registrados em 1850, para 1.200.000 em 1890.
O sistema de trabalho mais adotado foi o colonato, pelo qual os salários eram pagos, em parte, mediante a realização de tarefas agrícolas (preparo da terra, semeadura, colheita etc.) e a outra parte era paga com o direito dado aos colonos e suas famílias de desenvolverem uma pequena roça de subsistência. Esse sistema garantia alta lucratividade para os patrões, que agora se viam liberados do gasto de alimentar seus trabalhadores escravizados. Ao mesmo tempo, eles viam a produtividade de suas lavouras aumentar, uma vez que cada colono estava interessado em executar o maior número de tarefas possível, a fim de receber mais.
Apesar do desenvolvimento dessa moderna disciplina de trabalho, as práticas agrícolas coloniais, altamente predatórias, seguiram sendo reproduzidas pelos imigrantes europeus em solos americanos. Um relato de 1860, do ministro suíço Johann Jakob von Tschudi, confirma essa afirmação. Viajando pelas colônias imperiais do Espírito Santo, Tschudi observou que:
"O procedimento agrícola usual de preparar o solo para a primeira cultura com enxada e fogo é o mais pernicioso nas condições existentes em Santa Leopoldina. O fogo violento usado nas queimadas da floresta destrói em parte a frágil camada de húmus e as substâncias orgânicas, e embora as cinzas ainda sirvam de alimento para a futura semeadura, acaba por privá-las de uma camada de terra bastante profunda na qual possam enraizar-se consideravelmente, comprometendo também a umidade. Além disso, através da derrubada das árvores, os declives íngremes das montanhas ficam expostos à total influência dos fortes aguaceiros tropicais que arrastam as melhores partes dos campos cultivados para dentro do rio Santa Maria que as deposita, por fim, no Lameirão, na baía de Vitória. É um fato evidente que em Santa Leopoldina o solo tornou-se infértil por causa desta forma de cultivo, bem mais rapidamente que em qualquer outra colônia" (Tschudi apud Maestri, 2020, p. 56).
Quase um século mais tarde, em 1951, o naturalista Augusto Ruschi constatou que essas práticas seguiam sendo adotadas entre os descendentes de italianos na região de Mata Atlântica do interior do Espírito Santo: “A machado e a fogo é que foram se abrindo na mata as clareiras para o plantio do café civilizador, mas ao mesmo tempo devastador” (Ruschi, 1951, p. 1–2).
Referências
ARIAS NETO, José Miguel. Primeira República: economia cafeeira, urbanização e industrialização. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
MAESTRI, Daniella Dalla. Imigrantes italianos e o processo de destruição da Mata Atlântica: o caso do Núcleo de Timbuhy no Espírito Santo de 1876 E- 1896. Monografia de História na UFRJ, 1986.
RUSCHI, Augusto. O café e as florestas naturais do Estado do Espírito Santo. Boletim do Museu de Biologia Prof. Mello Leitão, série Proteção à Natureza n° 06. Santa Teresa-ES, 28 de janeiro de 1951.
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