Criação do Museu Nacional
Resumo
D. João VI criou o Museu Real (posteriormente denominado Museu Nacional do Rio de Janeiro) - a primeira instituição brasileira dedicada exclusivamente às Ciências Naturais.
Sugestão para o professor
Você sabia que, pouco depois de completar 200 anos, isto é, em 2 de tembro de 2018, o MNRJ pegou fogo? Para saber um pouco sobre a história dessa "tragédia anunciada", fruto do descaso público com a memória nacional e com a pesquisa científica, e sobre o trabalho de reconstrução do museu, assista ao documentário Resgates (UFRJ, 2019, 38'), disponível em https://www.youtube.com/watch?v=aBFT2-hFGvs&list=RDLVBeux4Wygk0g
Detalhamento da linha do tempo do estudante
Embora descrições da natureza brasileira tenham sido feitas desde a época do "descobrimento", somente no século XIX o Brasil conheceu um movimento mais intenso e sistemático de exploração naturalista. Com a vinda da família real portuguesa, houve o estabelecimento da primeira instituição brasileira voltada exclusivamente para o estudo das ciências naturais. Em 6 de junho de 1818, D. João VI criou o Museu Real a partir do acervo de mineralogia, artefatos indígenas e aves empalhadas da antiga Casa de História Natural, mais conhecida como Casa dos Pássaros, criada em 1784. Seu objetivo principal era desenvolver e difundir conhecimentos úteis para o comércio, indústria e ofícios do Reino do Brasil. Com a Independência do Brasil, o museu passou a se chamar Museu Imperial e a oferecer facilidades e proteção aos viajantes naturalistas estrangeiros em troca de objetos de história natural coletados em suas expedições científicas. Nos primeiros tempos, o Museu Real ficava sediado no Campo de Santana, atual Praça da República, no centro do Rio de Janeiro. Com a Proclamação da República (1889), a instituição passou a se chamar Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ). A partir de 1892, o MNRJ passou a funcionar no Palácio de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, que havia sido a residência da família real portuguesa de 1808 a 1821 e depois da família imperial brasileira, de 1822 a 1889.
Curiosidades
Você sabia que o palácio que serviu de moradia para a família real portuguesa, construído na chácara de São Cristóvão, foi um presente de Elias António Lopes a Dom João VI? Mas, quem foi esse tal de Elias? Ele foi um político luso-brasileiro que enriqueceu com o tráfico de pessoas escravizadas. Apesar de traficante, Elias foi agraciado comendador da Ordem Militar de Cristo e nomeado tabelião da Vila de Parati no mesmo ano da doação do palácio ao rei (1808). Após 1810, foi sagrado cavaleiro da Casa Real, nomeado alcaide-mor e senhor perpétuo da Vila de São José del-Rei, corretor e provedor da Casa de Seguros da Corte e, por fim, responsável pela arrecadação de impostos em várias localidades. Um vínculo tão estreito entre tráfico de pessoas e Estado luso-brasileiro diz muito a respeito da nossa história, não é mesmo?
Referências
DANTES, Maria Amélia. Institutos de Pesquisa Científica no Brasil. In: Mário Guimarães Ferri e Shozo Motoyama (coord.). História das Ciências no Brasil. Vol. 2. São Paulo: Ed. da Universidade de São Paulo, 1980.
SÁ, Dominichi Miranda de; SÁ, Magali Romero; LIMA, Nísia Trindade. O Museu Nacional e seu papel na história das ciências e da saúde no Brasil. Cadernos de Saúde Pública [online]. 2018, v. 34, n. 12. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0102-311X00192818>
Conexão
0 comments
Sign in or create a free account