Movimento de 30
Resumo
Diferentes forças políticas alçaram Getúlio Vargas à Presidência da República, por meio de um golpe de Estado. Seu governo atuou fortemente na regulação do acesso a recursos naturais estratégicos.
Detalhamento da linha do tempo do estudante
Ao longo da Primeira República (1889-1930), as regras tácitas que orientavam a sucessão presidencial impunham uma alternância no poder entre as oligarquias cafeeiras de São Paulo e de Minas Gerais. Isso significava que as forças da situação, por meio do presidente da República, deveriam indicar o candidato oficial a ser apoiado por todos os grupos políticos dominantes nos estados. Só que, durante o processo eleitoral de 1929, houve uma cisão dentro do próprio grupo dominante. O presidente Washington Luís, resolvido a fazer seu sucessor, indicou o também paulista Júlio Prestes, ao invés de um candidato mineiro como se esperava, para ocupar a Presidência da República. Essa divergência abriu espaço para que outras disputas, até então sufocadas, pudessem ressurgir. Em julho de 1929, foi lançada a candidatura de Getúlio Vargas, ex-ministro da Fazenda de Washington Luís e então governador do Rio Grande do Sul, tendo como vice o governador da Paraíba, João Pessoa. Estava formada a Aliança Liberal (AL), uma coligação de forças políticas pró-Vargas bastante heterogênea, cuja base de sustentação provinha das forças políticas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba e facções civis e militares descontentes.
A plataforma política da AL estava voltada basicamente para a regeneração política, a partir de uma reforma eleitoral, da criação de uma justiça eleitoral, da defesa do voto secreto e das liberdades individuais.
A disputa eleitoral foi agravada pela profunda crise econômica mundial provocada pela quebra da bolsa de Nova York. No fim de 1929, havia centenas de fábricas falidas no Rio de Janeiro e em São Paulo, e mais de um milhão de desempregados em todo o país. A crise atingiu também as atividades agrícolas, principalmente a cafeicultura paulista.
Em março de 1930, o processo eleitoral deu vitória a Júlio Prestes, que recebeu cerca de um milhão de votos, contra 737 de Getúlio Vargas. Inconformados com a derrota, setores da AL buscaram o apoio de lideranças do movimento tenentista para conspirarem contra o arranjo político que emergiu das referidas eleições. Essa conspiração acabou estourando em Minas Gerais e no Rio Grande do Sul no dia 3 de outubro de 1930, alastrando-se, em seguida, para vários estados do Nordeste. Depois de algumas resistências, a situação favoreceu as forças ditas revolucionárias e, em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi alçado ao poder, dando início a uma nova fase da história política brasileira. O golpe de outubro de 1930, também chamado de "Revolução" ou de "Movimento de 1930", representou uma ruptura no seio das elites, o fim da hegemonia da burguesia cafeeira e uma importante transformação da ação do Estado – agora politicamente centralizado, economicamente intervencionista, protagonista do processo de industrialização nacional e agente regulador do acesso a recursos naturais estratégicos, como água, riquezas minerais e florestas.
Referências
FERREIRA, Marieta de Moraes; PINTO, Surama Conde Sá. A crise dos anos 1920 e a Revolução de 1930. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.
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