1ª Conferência Brasileira de Proteção à Natureza

08/04/1934View on timeline

Resumo

Entre 8 e 15 de abril de 1934, foi realizada no Rio de Janeiro a Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza, organizada pela Sociedade dos Amigos das Árvores e patrocinada pelo Governo Provisório de Getúlio Vargas.

Detalhamento da linha do tempo do estudante

O evento contou com a participação da sociedade civil, de cientistas e funcionários de diferentes governos, os quais apresentaram a situação das florestas em seus respectivos estados, bem como pressionaram o governo a cumprir as medidas já existentes para a conservação da natureza e a criar um sistema de parques nacionais.

Emergiu desse fórum um conceito de proteção à natureza que a justificava tanto pela importância econômica do mundo natural, quanto por seu valor estético, cultural e científico, destacando a proteção das paisagens, dos sítios pitorescos, da flora e fauna remanescentes. A Primeira Conferência Brasileira de Proteção à Natureza foi iniciativa de uma incipiente e restrita sociedade civil, que apenas começava a se ocupar com os cuidados com o mundo natural. A título de exemplo, podemos citar o surgimento do Centro Excursionista Brasileiro, da Federação Brasileira para o Progresso Feminino, da Sociedade de Amigos de Alberto Torres, da Sociedade de Amigos das Árvores, da Sociedade de Amigos da Flora Brasílica,entre outras. Por trás de cada uma dessas associações civis, despontava a liderança de cientistas ligados ao Museu Nacional do Rio de Janeiro (MNRJ), tais como o botânico Alberto José de Sampaio, o aracnólogo Cândido Firmino de Mello Leitão, a bióloga e feminista Bertha Lutz e o antropólogo e educador Edgar Roquette-Pinto. Essa liderança consistia em uma interface com a sociedade brasileira, por meio de campanhas educativas, programas de rádio, plantio de árvores etc., assim como em uma importante articulação política com o Governo Vargas. Entre 1933 e 1934 foram promulgados os códigos Florestal, de Caça e Pesca, de Águas, de Minas e o de Fiscalização das Expedições Artísticas e Científicas, nos quais houve a influência ou mesmo a participação direta desses homens e mulheres de ciência, preocupados com a conservação da natureza no Brasil.

Figura 77 - Bertha Lutz

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=6094200 Por Unattributed; restored by Adam Cuerden - Esta imagem está disponível na Divisão de Gravuras e Fotografias da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos com o número de identificação digital npcc.13397.Esta marcação não indica o estado dos direitos de autor da obra aqui mostrada.   

Figura 78 - Cândido Firmino de Mello Leitão

Fonte:  https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=52562950    

Figura 79 - Edgar Roquette-Pinto 

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=73198103 . Por: Desconhecido.Museu Nacional (Banco Safra, São Paulo, 2007   

Curiosidades

Você sabe o que é um podcast? Já ouviu algum "programa" desse tipo? Pois é, a ferramenta tecnológica de produção e difusão desses "programas temáticos" - a Internet - pode até ser uma novidade do século XXI. No entanto, a "ideia-mãe" do podcast é bem mais antiga. Ela remonta aos programas de rádio, produzidos com um conteúdo ou temática específicos e veiculados com determinada periodicidade. Essa ideia começou a ser desenvolvida no Brasil pelo médico e antropólogo Edgard Roquette-Pinto (1884-1954) , cientista do Museu Nacional, considerado o "pai da radiodifusão no Brasil". Ele acreditava que o rádio era o jornal de quem não sabia ler e, num país onde havia uma população de 60% de pessoas analfabetas, Roquette-Pinto escolheu essa mídia como a principal ferramenta para popularizar conhecimentos científicos, culturais e de proteção à natureza. Em 1923, ele encabeçou a fundação da Rádio Sociedade, a primeira emissora do Brasil dedicada a criar e a transmitir conteúdos exclusivamente educativos, culturais e artísticos. Em 1936, a Rádio Sociedade foi doada ao Governo federal, quando passou a se chamar Rádio Ministério da Educação (Rádio MEC).

Referências

DE ANDRADE FRANCO, José Luiz; AUGUSTO DRUMMOND, José. Wilderness and the Brazilian Mind (I): Nation and Nature in Brazil from the 1920s to the 1940s. Environmental History, v. 13, n. 4, p. 724-750, 2008. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/240592688_Wilderness_and_the_Brazilian_Mind_I_Nation_and_Nature_in_Brazil_from_the_1920s_to_the_1940s   

DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

CHAGAS, L. J. V., & VIANA, L. O legato de Roquette-Pinto e a produção dos podcasts com viés educativo. Revista Extraprensa, v. 13, n. 1, 2019, 40-55. https://doi.org/10.11606/extraprensa2019.159566

FRANCO, José Luiz de Andrade; DRUMMOND, José Augusto. Proteção à Natureza e Identidade Nacional no Brasil, anos 1920-1940Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2009.

GONÇALVES, Alyne dos Santos. A militância ambiental de Augusto Ruschi: práticas científicas e estratégias políticas para a conservação da natureza no Brasil (1937-1986). Santa Teresa, ES : INMA : Comunicação Impressa, 2021. Disponível em https://www.gov.br/inma/pt-br/assuntos/publicacoes/a-militancia-ambiental-de-augusto-ruschi/view.

Conexão

Constituição Brasileira de 1934

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Published in 17/07/2023

Updated in 26/07/2023

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