Primeiro veio de ouro da Capitania de São Paulo
Resumo
Bandeirantes paulistas descobriram o primeiro veio importante de ouro no interior da capitania de São Paulo. As atividades mineradoras exerceram grande pressão sobre a Mata Atlântica
Sugestão para o Professor
https://www.youtube.com/watch?v=Ilxe45E5nUw
https://www.youtube.com/watch?v=3F7Jxblz-tU
Para um debate sobre a relação conflituosa e violenta entre garimpeiros e ianomamis em Roraima, bem como para discutir a continuidade de métodos ambientalmente irresponsáveis de extração do minário (dragagem de rios e emprego de mercúrio), ver O garimpo ilegal em terras ianomâmi (O GLOBO, 2019, 24' 01") , disponível emhttps://www.youtube.com/watch?v=4peXoP4lVGI . Vídeo alternativo para a mesma discussão: Ouro de Sangue: para onde vai o ouro ilegal garimpado na Amazônia? (BBC News Brasil, 2022, 11' 32"). Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=CX2Jc4Rsyyw
Detalhamento da linha do tempo do estudante
Esse episódio inaugurou um período no qual a extração e a exportação do ouro eram as principais atividades econômicas na América portuguesa. Em 1720, a região aurífera foi separada da capitania de São Paulo e transformada em capitania de Minas Gerais, com sede em Vila Rica de Ouro Preto. A partir daí, a chamada "corrida do ouro" acarretaria a ocupação do interior da colônia, cerca de 400 km distante do litoral, atraindo milhares de novos colonos portugueses e pessoas escravizadas para as atividades mineradoras. Essas atividades enriqueceram muita gente - senão na colônia, ao menos em terras de além mar: entre 1700 e 1800, um milhão de quilos de ouro foram oficialmente extraídos do Brasil, sendo que outro um milhão pode ter escapado ao controle fiscal da Coroa. Também oficialmente, foram registrados 2,4 milhões de quilates de diamantes. No entanto, a extração desse enorme volume mineral cobrou um altíssimo preço! As técnicas de exploração do ouro exerceram grande pressão sobre a Mata Atlântica: em 1730, a extração do ouro por lavagem na bateia foi substituída pela chamada "lavagem dos aluviões". Anteriormente, turmas de escravos, imersos em água até os joelhos, retiravam porções de areia dos leitos dos rios em bacias cônicas de madeira (bateias) que, agitadas, separavam o cascalho do ouro, cujos flocos mais pesado ficavam depositados ao fundo. Com o emprego da nova técnica, os riachos maiores eram dragados e os menores eram desviados de seu curso natural, a fim de serem lançados contra suas próprias margens e, assim, "lavar" os depósitos auríferos aí localizados (aluviões). Esses depósitos foram formados ao longo de séculos pela ação das águas pluviais (das chuvas) e fluviais (dos rios) sobre as formações rochosas auríferas (rochas matrizes). Considerando que a água era o principal instrumento de mineração nas margens e nos morros auríferos, a abundância desse "insumo" nas Minas Gerais foi decisiva para a sua utilização como fonte de energia (canalização hidráulica), para a lavagem dos minerais e para o desmonte de rochas matrizes (desmonte de morros). "O desnudamento das encostas provocou erosão de camadas de terra, gerando gigantescos sulcos chamados voçorocas, assoreamento de leitos de riachos e enchentes que ainda ocorrem na região, mas que agora são tão generalizados e antigos que parecem características naturais da paisagem" (DEAN, 1996, p. 114). O volume total de ouro extraído da capitania de Minas Gerais no século XVIII pode ter custado a perturbação ou degradação completa de 4 mil km² de Mata Atlântica - sem contar com o emprego de mercúrio em grandes quantidades, a fim de separar o metal precioso de outros materiais naturalmente incrustrados nele. Nos dias atuais, a atividade garimpeira ainda é muito forte, sobrevivendo especialmente nos estados do norte amazônico. Boa parte dos garimpos são ilegais e, tal como a atividade mineradora colonial na Mata Atlântica, continuam gerando graves conflitos ambientais e violentas interações entre garimpeiros e populações indígenas.
Referências
CAPANEMA, Carolina Marotta. A mineração e a mata: água, madeira e técnica na exploração do ouro nas Minas Gerais setecentistas. In: CABRAL, Diogo de Carvalho; BUSTAMANTE, Ana Goulart (Orgs.). Metamorfoses florestais: culturas, ecologias e as transformações históricas da Mata Atlântica. Curitiba: Editora Prismas, 2016.
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
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