Lançamento das obras: "A Organização Nacional" e "O Problema Nacional Brasileiro"
Resumo
O jurista e político fluminense Alberto Torres (1865-1917), ácido crítico da modernidade, lançou duas de suas obras mais influentes: A Organização Nacional e O Problema Nacional Brasileiro. Veja no detalhamento porque elas são importantes!
Detalhamento da linha do tempo do estudante
O jurista e político fluminense Alberto Torres (1865-1917), ácido crítico da modernidade, publicou em 1914 duas de suas obras mais influentes: A Organização Nacional e O Problema Nacional Brasileiro. Nelas, ele denunciou a exaustão dos recursos naturais, o alto preço pago pelo “progresso”, identificado com o projeto de industrialização brasileira, o qual não compensaria o nível de devastação. Segundo ele, o Brasil não deveria reproduzir o modelo de desenvolvimento dos países considerados “mais adiantados”, cuja principal consequência teria sido “estragar a terra e anular o homem, transformando aquela em desertos e fazendo deste um parasita, mais ou menos polido e rico”. Ao contrário, o Brasil deveria seguir um caminho próprio, mais consoante com sua “vocação agrícola”, valorizando suas gentes e recursos naturais. Torres foi o primeiro brasileiro a utilizar o termo “conservação” no sentido usado nos EUA. Para ele, a chave do progresso estava “no uso previdente dos recursos naturais” e no investimento na educação da população, a fim de “suplantar as concepções sobre a impropriedade dos trópicos para a civilização e sobre a inferioridade racial brasileira” (Torres apud Franco & Drummond, 2009, p. 34)
Curiosidades
Você já parou para pensar como alguns conceitos são relativos, isto é, como mudam de acordo com o contexto e com o ponto de vista de quem os emprega? "Progresso", por exemplo, é um desses conceitos que despertam debates e paixões, dando muito pano pra manga! No Brasil do final do século XIX e início do século XX, as cidades eram, seguramente, um dos maiores símbolos de "progresso" para boa parte da população. No entanto, para Alberto Torres, "[...] enquanto esse progresso nos embala com seus perfumes e com o espetáculo de suas grandezas e suas luzes de rampa teatral, não vemos que o Brasil real, o Brasil das matas virgens e das minas, com os aluviões e os sedimentos de milhares de séculos do trabalho do tempo e da natureza, vai sendo desnudado, minado, raspado, pulverizado, ressecado: o ouro puro segue para outras bandas, ficando-nos, em troca, as lantejoulas das nossas cidades e os arrebiques dos nossos palácios e das nossas avenidas!" (apud Franco & Drummond, 2009, p. 36).
Referências
FRANCO, José Luiz de Andrade; DRUMMOND, José Augusto. Proteção à Natureza e Identidade Nacional no Brasil, anos 1920-1940. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2009.
GONÇALVES, Alyne dos Santos. A militância ambiental de Augusto Ruschi: práticas científicas e estratégias políticas para a conservação da natureza no Brasil (1937-1986). Santa Teresa, ES: INMA: Comunicação Impressa, 2021. Disponível em https://www.gov.br/inma/pt-br/assuntos/publicacoes/a-militancia-ambiental-de-augusto-ruschi/view.
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